Quando idealizou a construção de um berçário modelo para Ribeirão Preto, em 1998, a bióloga do Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto, Marisa dos Santos, desejava que os visitantes tivessem contato com uma das mais belas vistas do local: os filhotes. Hoje, 21 anos após sua construção, o equipamento recebe, em média, 90 filhotes por mês, três por dia, sendo os meses de outubro a janeiro os mais “movimentados”.
O processo de urbanização é um dos causadores da orfandade desses animais, provocada muitas vezes por atropelamentos dos pais e perdas de habitat. “Recebemos filhotes abandonados, que a mãe foi atropelada, mas é muito comum chegarem aqui com animais que encontraram em casas e retiraram dos ninhos ou, por ventura, encontraram sozinhos na natureza, enquanto esperavam a mãe voltar com alimento”, explica Marisa dos Santos.
Ao chegarem ao berçário, os animais são avaliados e, quando necessário, encaminhados para o hospital do bosque. Os filhotes que não têm capacidade de voltar para a natureza, por algum membro mutilado ou porque são raros, ficam no zoológico. Já os que podem ser reintroduzidos na natureza vão para programas de solturas, nos quais são monitorados por um período até estarem aptos a viver sozinhos em seus habitats.
A bióloga Marisa dos Santos relembra a data da chegada de animaizinhos no berçário que hoje já são pais. “O ‘Bolota’ chegou aqui bem pequenininho, em 2013. Ele foi encontrado pela Polícia Militar, era órfão. Já a ‘Estopa’ veio pra cá com um ano, mas antes foi tratada no hospital da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)”. O casal forma a família de tamanduás-mirins do zoo e em agosto comemora o primeiro aniversário de seu filho, “Izidoro”, o único animal do berçário que não é órfão.
A bióloga também acolheu recém-nascidos como a “Dori”, a ouriço que chegou em outubro de 2018 com apenas sete dias de vida, ainda com cordão umbilical. Já “Simon”, outro ouriço bebê, foi levado ao berçário ferido na cabeça por um facão. Hoje, ele vive no Bosque Fábio Barreto com “Dori” e “Beth”, a mais velha dos três.
A família do berçário é composta, ainda, pelos já adultos tamanduás-bandeira “Thadeu”, “Tharciso” e “Thamy”; os irmãos de corujas jacurutu, conhecidos como corujões orelhudos, “Bubo”, “Mochão” e “Rutu”; as maritacas, os tucanos, as rolas, os bem-te-vi, as corujinhas, os veados catingueiros, os periquitos de encontro, as jandaias de maracanã, dentre outros. Além de idealizar o berçário, a bióloga se orgulha ao falar da decoração da primeira casa desses filhotes: “Fui eu quem fiz”. Hoje, as paredes do antigo recinto de felinos são coloridas por desenhos de diferentes animais, que representam os que são acolhidos lá.
O berçário recebe filhotes de qualquer espécie. Caso o munícipe encontre um animal sozinho, é recomendado que avalie a qualidade do local, se representa algum perigo e se os pais não estão próximos. “Em caso de ninho caído, recoloque em um lugar alto que a mãe possa ver. Se for dentro de uma casa, só retire se o local for realmente perigoso, como frequentado por gato, cachorro. Caso contrário, os deixem, pois os pais voltam ou em até cinco dias esses animais já saíram de lá” orienta Marisa dos Santos.
O Bosque Municipal Fábio Barreto abriga 156 espécies, num total de 830 animais, e recebe cerca de 25 mil pessoas por mês. A entrada é franca. Está localizado no Parque Municipal Morro do São Bento, um espaço de lazer com 250.880 metros quadrados de muita área verde com Jardim Japonês, lagos, flores, quiosques, pontes, alamedas para caminhadas e um mirante de 45 metros de altura. O zoo tem 288 peixes de 33 espécies, 233 répteis de 25 espécies, 193 aves de 65 espécies e 119 mamíferos de 33 espécies.
Os destaques são os elefantes asiáticos “Mayson” e “Bambi”, o urso de óculos “Renan”, as onças-pintadas “Lilica” e “Spyke”, as suçuaranas “Tito” e “Tite”, os leões “Simba” e “Zeus”, a anta brasileira “Giovane”, o macaco -aranha “Maya” e o mandril “Prince”, conhecido como “Teco”. O bosque, criado em 1937, tem 138 recintos para os animais. O local funciona de quarta a domingo, das nove às 16h30. Fica na rua Liberdade s/nº, no bairro Campos Elíseos. Agendamentos escolares e mais informações podem ser solicitadas pelos telefones (16) 3636-2283 e 3636-2513.