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Zero

Os árabes, possivelmente, conheceram o “zero” em suas incur­sões pela Índia, onde a inexistência de algarismo era conhecida com o nome de um vento brando, ou seja, um zéfiro. Para os árabes o zé­firo foi batizado como “sifr”, que se transformou em “zero” para nós.

Em 711, uma nação arábica, saindo da África, atravessou o Mediterrâneo, invadindo a Península Ibérica, antes do surgimen­to da Espanha e de Portugal. Durante alguns séculos dominaram a região, sendo, finalmente, derrotados em 1492, data em que a Espanha, já então existente, descobriu a América, tornando-se o mais importante país da época na Europa.

Mesmo derrotados, as famílias árabes, com a sua cultura, envolveram-se com a sociedade do novo país, contribuindo fortemente para a instituição do idio­ma espanhol e do português.
Naquela época, os árabes transformaram-se na mais extensa e in­tensa cultura da Europa. Os europeus não entendiam o uso do zero. Se zero é nada para que serve? Os árabes ensinaram os europeus que toda a linguagem numérica podia ser definida apenas com o uso do zero ao lado dos números de 1 a 9. Espantado o mundo ocidental assim conheceu o “sistema decimal”. E a usá-lo até hoje.

Outra área da cultura árabe da época impunha a necessidade de escrever sobre todas as experiências realizadas para que pudessem servir de degrau para atingir mais altos limites.
Os cristãos europeus ainda eram em sua maioria analfabetos e proibidos de entrar em contato com a filosofia grega. Não sa­biam, por exemplo, quem haviam sido Sócrates, Platão e Aristó­teles. Ao contrário, os árabes e os judeus debruçavam-se sobre a literatura grega.

Na cidade de Córdova, na Espanha, conviveram dois sábios. Um árabe, Averrois (1126-1198), ou Abu al-Walid Muhammad ibn Abmad ibn Muhammad ibn Rushid; e o judeu Maimônides (1138- 1204), ambos médicos e filósofos aristotélicos.

Averrois, até hoje, é considerado o principal comentador da obra de Aristóteles. Há registros de que Santo Alberto Magno teria orientado São Tomás de Aquino no sentido de entrar em contato com a literatura arábica voltada para a obra de Aristóteles com visos a ampliar seus extraordinários estudos.

Maimônides, o Rambam, que faleceu no Egito, tendo sido enter­rado em Israel, é reconhecido como a chave intelectual do judaísmo moderno. Sobre o judaísmo escreveu uma obra com 114 volumes.

Outro mulçumano aristotélico foi o persa Ibne Sina, Abu Ali ibne Abdalla Ibne Sina, conhecido como Avicena nos países latinos, nascido em 980 e falecido em 1037. Não são conhecidas todas as extensas obras deste autor. Sabe-se que deixou 150 livros de filosofia aristotélica e cerca de 40 outros de medicina.

Atribui-se a Avicena ter criado a primeira Faculdade de Medici­na. Não por acaso, percebe-se que a palavra “medicina” é uma varia­ção do nome original de Avicena que, como se sabe, era Ibne Sina.

É importante destacar dois pontos relevantes quanto ao relato.

O primeiro. Muito embora houvesse no mundo cristão uma proibição rigorosa contra as obras de muçulmanos, vários livros de medicina, escritos por Avicena foram adotados nas primeiras facul­dades de medicina europeias.

O segundo. Em obras atuais, encontram-se registros realizados pelos cruzados escritos no momento em que se aproximaram de Jerusalém, quando então documentaram o avançado grau da medi­cina árabe daquela época.

Como antes registrado, em 1492 os Reis Católicos derrotaram os árabes na nova Espanha cristã, época na qual, sob seu comando, Co­lombo chegou à América Central. A Espanha tornou-se o mais im­portante pais da Europa. A civilização arábica na Europa, até então há oito séculos na Península Ibérica, foi absorvida pelo cristianismo.

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