Três jovens indígenas yanomami foram assassinados por garimpeiros, na região do Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A informação foi divulgada no domingo, 5 de fevereiro, por Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Codisi-YY), uma das principais lideranças da região de Surucucu, no extremo oeste do estado e próxima à fronteira com a Venezuela.
Segundo o relato, eles foram atingidos por disparos de arma de fogo. Ainda não há informações sobre o resgate dos corpos. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, passou uma noite no polo base de Surucucu, no domingo, para ver de perto a situação dos yanomami. Ela também fez um sobrevoo por diversos pontos de exploração ilegal de minérios no território.
Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras há anos, os indígenas yanomami têm sofrido com casos de desnutrição, doenças como malária e pneumonia, além de violência, incluindo episódios de agressões e assassinatos. A situação se agravou nos últimos quatro anos.
Ainda no domingo, uma criança de apenas um ano e cinco meses de idade morreu na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, vítima de desnutrição grave e desidratação. A informação também foi repassada por Júnior Hekurari. De acordo com o relato, a criança estava em estado grave desde sábado (4).
As equipes de saúde pediram sua remoção imediata para Boa Vista, mas o mau tempo impediu a decolagem. Ela era da região Haxiu, que fica a cerca de 15 minutos de helicóptero do polo base de Surucucu, onde há um aeródromo e um pelotão de fronteira do Exército Brasileiro.
Nos últimos quatro anos, foram registradas 570 mortes de crianças no território. Em visita a Roraima, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que a base aérea no Surucucu vai ser reestruturada para que possa receber aviões de maior porte.
A medida vai possibilitar levar ainda a infraestrutura para montar um hospital de campanha na região. Ela não estipulou prazo para a efetivação dessas medidas. A pista de Surucucu não opera por instrumentos e só permite voo visual, o que limita o acesso em horário noturno ou com mau tempo.
De acordo com o Centro de Operações Emergenciais (COE), colegiado interministerial criado pelo governo federal, em janeiro, foram removidos 223 pacientes da terra indígena para a capital do estado. No balanço mais recente, o COE informou também que a Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista, abriga, no momento, 601 yanomami.
Debandada
São pacientes e seus acompanhantes. Além disso, há 50 indígenas internados, no Hospital Geral de Roraima (HGR) e no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), ambos na capital. Um comboio com vários garimpeiros, incluindo mulheres e crianças, já começou a sair da área yanomami, utilizando barcos e caminhadas a pé, que duram até 30 dias.
A movimentação na Terra Indígena Yanomami foi monitorada pelo serviço de inteligência do governo do Estado de Roraima. Por meio das fotos e vídeos, é possível observar várias pessoas saindo espontaneamente de áreas consideradas prioritárias no atendimento aos indígenas.
Outra situação que chamou a atenção das autoridades estaduais é a quantidade de pessoas dentro de barcos e canoas, com lotação acima do nível de segurança. Foi possível monitorar não apenas homens, mas também mulheres e crianças que resolveram evitar problemas com a justiça e saíram das áreas indígenas após a divulgação de uma operação integrada que deve ocorrer nos próximos dias.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na manhã desta segunda-feira (6) que o governo federal espera que 80% das cerca de 15 mil pessoas envolvidas no garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, saiam do território ao longo desta semana.