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Willow 

Conceição Lima * 
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Em algum lugar, além do arco-íris há um fabuloso mundo paralelo. Ou muitos deles…Assim o prometeu WILLOW, o incrível. Ele ainda é pouco conhecido, mas pode-se dizer que já é famoso. Ou se tornará isso em breves dias. Quem garante é o Google, ao apresentar à humanidade a atual “menina dos olhos”, um novo chip quântico que consegue fazer em cinco minutos o que os supercomputadores mais rápidos do mundo demorariam dez septilhões de anos para fazer. Eis aí o poderoso WILLOW, talvez o primeiro grande passo em direção à tecnologia quântica. 
 
Essa façanha inacreditável excede qualquer escala de tempo conhecida na Física e ultrapassa em muito a idade do “nosso” Universo, dando crédito à ideia de que a computação quântica ocorre em outros universos paralelos. HARTMUT NEVEN, um dos figurões do Google, fez questão de anunciar isso pessoalmente: o chip quântico WILLOW indica que “vivemos num multiverso“. Segundo ele, o novo chip é tão rápido que, provavelmente, consegue “pegar” o poder computacional de outros universos. Ou seja, o desempenho do chip indica que universos paralelos existem. 
 
Será mesmo? A afirmação de NEVEN criou polêmica e foi recebida com ceticismo. É claro que o WILLOW, por si só, não prova que versões paralelas de nosso Universo estejam circulando em outros universos. Todavia, muitos consideram a ideia plausível, já que o multiverso é uma das áreas de estudo da Física Quântica. Por outro lado, somente os computadores quânticos é que podem acessar o tal de entrelaçamento quântico, umaconexão misteriosa nos níveis mais diminutos do Universo que, segundo alguns estudiosos, poderá, inclusive, explicar o mecanismo da consciência humana e ainda implementá-la, futuramente, nas máquinas. 
 
De qualquer forma, por volta de 1965 GORDON MOORE, cofundador da INTEL, previu que a capacidade dos computadores dobraria a cada dois anos. Essa previsão, conhecida como Lei de Moore, revelou-se bastante precisa ao longo das décadas seguintes. Todavia, essa taxa de crescimento, mais cedo ou mais tarde, iria mesmo enfrentar as limitações físicas e técnicas de um componente básico, os transistores de silício. Então coube ao próprio MOORE outra previsão, a de que, até 2021, uma nova tecnologia substituiria seu modelo conhecido de crescimento computacional.  
 
E ele estava certo. Essa tecnologia é a Computação Quântica, a provável sucessora da computação tradicional. A computação clássica que conhecemos tem como base o “bit”, um tipo de sistema que consegue assumir apenas duas posições: falso (0) ou verdadeiro (1). Já a Computação Quântica utiliza como base os “quantum bits” (bits quânticos ou “qubits”), unidades que podem existir em infinitas posições, como 1, 0 e qualquer valor entre eles. Aí acontece o fenômeno chamado de superposição, que é quando um “qubit” pode existir em vários estados de maneira simultânea.  
 
Com relativamente poucos “qubits” (os “bits” quânticos), consegue-se obter tantos estados computacionais quanto o número de neurônios em nosso cérebro. Com uma quantidade razoável de “qubits”, imagine-se quantos cálculos considerados impossíveis aos computadores tradicionais possam ser solucionados por meio da tecnologia quântica! 
 
Independentemente, pois, da teoria do multiverso (considerada ainda uma ideia fantástica), o novo chip de computação quântica do Google supera o desafio proposto por MOORE há 60 anos. E NEVEN faz questão de projetar também a sua utilidade prática futura, “relevante para uma aplicação do mundo real”: a tecnologia quântica será indispensável não só coletar dados de treinamento de Inteligência Artificial, mas também, eventualmente, vai ajudar a “descobrir medicamentos, projetar baterias mais eficientes para carros elétricos, além de acelerar o progresso em fusão e novas alternativas de energia “.  
 
Além do mais, a Inteligência Artificial, é obvio, nada vai conseguir andando sozinha. Para chegar onde pretende, terá realmente de se acoplar não somente ao mundo da Neurocomputação, mas principalmente ao da Computação Quântica. Quando alcançada, essa será a terceira grande revolução na história da IA. Tanto é assim que há uma corrida geopolítica silenciosa para ver quem será o primeiro a chegar lá. Portanto, Deus salve o WILLOW com seus 105 “qubits” de potência! 
 
* Professora de ensino superior aposentada, escritora e palestrante, é membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e fundadora da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras 

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