A versátil e excelente artista plástica Weimar Marchesi de Amorim editou livro denominado “O que Permanece no Tempo”, coletânea de sua vasta produção. Profusamente ilustrada, a edição nos transforma em companheiros de sua viagem pelas cores e formas, que explodem em obras criativas, porém refletindo a delicadeza da artista. Visita seu passado, as expressões artísticas que foram evoluindo com o tempo, até chegarmos aos dias atuais, onde diversificou os meios de sua comunicação.
Weimar nasceu em Ribeirão Preto, na Fazenda São Vicente, de seu pai. Ali brincava com seus irmãos no pomar, nas plantações e pescava no rio Moji Guaçu, retendo na memória e na retina as duas grandes cores que acompanham sua obra: o verde das plantações e o vermelho da generosa terra roxa, emolduradas pelo céu de nossa região.
Era uma autodidata, quando conheceu o romano radicado em nossa cidade, Pedro-Manuel Gismondi, que foi responsável pelo desenvolvimento artístico de vários talentos locais. Dele recebeu críticas e orientações, passando a integrar o grupo Anacrônicos da Madrugada, expondo seus trabalhos na região. Sempre dando importância a pertencer a um grupo, pois no dizer dela o artista é muito solitário, ingressou nos Grupo Albatroz, Forja da Fantasia, Ateliê Acasonirica e Latitude 22, onde, no convívio com os companheiros desenvolveu ainda mais seus talentos.
Durante 20 anos, dedicou-se exclusivamente à pintura e sua grande produção foi mostrada em eventos regionais, nacionais e internacionais, notadamente duas exposições em Paris, muito elogiadas pela crítica. Em 1999, percorre o Caminho de Santiago de Compostela (que repetiria uma vez mais), onde junto à meditação que envolve o trajeto, fez estudo de novas cores da natureza, influência que seria levada às suas telas.
No seu voluntariado na Casa das Mangueiras, em busca de colaborar para a defesa do meio ambiente, descobre novos objetos artísticos na sucata e materiais de demolição, o que resulta na sua primeira instalação no MARP – Museu de Artes de Ribeirão Preto, intitulada A Construção do Vizinho. A perda de seu marido Álvaro Viana de Amorim, nosso querido Alvinho, resulta na instalação Transcurso, montada no CAC ( Centro de Artes e Cultura criado pela artista para exposições e cursos) reunindo documentos e imagens de seu companheiro e incentivador, exposição cheia de lembranças, carinhos e amor.
Volta à pintura, agora em aquarelas que continuam retratando a nossa região, cuja cores vermelhas, verdes e azuis são enriquecidas do amarelo. Seus trabalhos tem uma força vibrante e quem as olha percebe o movimento dos ventos se abatendo sobre os canaviais e as plantações, na dramática reprodução da realidade.
Sobre a obra da artista, Pedro Manoel-Gismondi, diz ser “mar calmo de águas profundas“ e Marcus de Lontra Costa atesta que “as obras de Weimar são essencialmente fábulas potentes e delicadas sobre o tempo, sobre a vida e principalmente sobre a coragem de se transformar, de ser uma metamorfose ambulante e entender a vida em toda sua grandeza e mistério.”
Quando minha filha, que mora há 30 anos na Dinamarca, quis levar uma lembrança da sua região de origem, escolheu um quadro de Weimar, que fica em posição de destaque na sala principal de sua casa, lembrando-a dos verdes, dos vermelhos e dos azuis nossos.
Weimar é uma artista que traz orgulho a todos nós.