Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Menos de dois por cento dos um milhão e seiscentos mil turistas brasileiros que se dirigem anualmente aos Estados Unidos visitam sua capital, Washington, D.C., cidade linda, que respira história, cultura e grandiosidade. É uma pena, pois perdem a oportunidade de conhecer uma grande e moderna metrópole, com seus edifícios públicos, seus parques, seus museus e restaurantes.
A primeira capital dos Estados Unidos foi Philadelphia, onde se deu a independência das treze colônias inglesas, criando-se o país e o regime republicano, com a separação e equilíbrio dos três poderes _ Executivo, Legislativo e Judiciário – e o surgimento da figura do Presidente da República, com mandato por tempo definido e rotativo, eleito pelo povo.
Vencida a Guerra de Independência, George Washington deliberou erguer uma nova capital e escolheu a atual área que a compreende nas margens do Rio Potomac. Escolheu o engenheiro francês Pierre L’Enfant para planejar a cidade. O urbanista inspirou-se nas grandes capitais do mundo e ofereceu um plano ousado e grandioso.
Em 1790, a capital era inaugurada, para onde se transferiram os órgãos do governo americano.
Partindo do Potomac, foi feita uma grande esplanada até o Capitólio, onde se construiu o Congresso dos Estados Unidos, com sua grande cúpula, dominando toda a paisagem e simbolizando a supremacia do povo, ali presente através de seus representantes. O edifício abriga também a Biblioteca do Congresso, considerada a maior do mundo.
No lado oposto, perto do rio, fica o Lincoln Memorial, com suas colunas de mármore e em forma de templo, com a estátua do grande líder sentado em enorme poltrona. Na parede, a célebre inscrição: “ Neste templo e no coração do povo para quem ele salvou a União, a memória de Abraham Lincoln fica preservada para sempre “. Numa das paredes, o pequeno e imortal Discurso de Gettysburg, onde Lincoln termina esperançoso de que “o governo do povo, para o povo e pelo povo jamais desapareça da face da Terra”.
No meio da esplanada, o Monumento a Washington, comandante do exército que derrotou a Inglaterra, na Guerra da Independência e primeiro Presidente americano, um enorme obelisco estilo egípcio de 170 metros de altura, refletido no enorme e estreito lago especialmente feito para isto.
A Casa Branca, sede do governo americano, liga-se à esplanada por um grande jardim. Construída junto com a capital, seu primeiro ocupante foi o Presidente Thomas Jefferson e hoje guarda pouquíssimo de sua construção original. Quando morei nos Estados Unidos, como intercambiário, tive a oportunidade de visitá-la, antes da reforma feita por John Kennedy. Não havia, na ocasião, a grande preocupação com a segurança, que eliminou as visitas hoje em dia.
Ao longo da esplanada, The Mall como a chamam, encontram-se os museus do Smithsonian Institute, imperdíveis, destaque para o Museu do Ar e do Espaço, que mostra o desenvolvimento da aviação e da conquista do Universo. Infelizmente, as conquistas de Santos Dumont ocupam apagada prateleira, pois os americanos glorificam os Irmãos Wrigth como inventores do avião.
Ainda na esplanada, existe uma quantidade enorme de outros memoriais, marcando a presença americana na história do mundo. E, atravessando-se o Potomac, encontramos o Cemitério Nacional de Arlington, onde estão enterrados os soldados que deram a vida nas várias guerra das quais participaram, bem como o túmulo do presidente John Kennedy.
A cidade respira grandiosidade e nela se preserva a história americana. Vale a visita por isto e pela sua gastronomia variada, que agradará aos mais exigentes paladares.
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras
Washington, D.C.
