O ex-presidente da Câmara de Vereadores, Walter Gomes (PTB), será submetido à cirurgia para retirada de um tumor da próstata. A operação está marcada para 1º de novembro, primeira sexta-feira do mês. A defesa do ex-parlamentar solicitou a data à 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto na última segunda-feira, 21 de outubro.
A cirurgia deveria ter sido feita em julho, mas acabou sendo cancelada. Para que o ex-vereador possa passar pelo procedimento cirúrgico e continuar internado foi necessário solicitar autorização ao juiz Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira, responsável pelas ações penais da Operação Sevandija – por determinação judicial, Walter Gomes não pode sair de sua residência entre as 22 horas e às seis horas da manhã do dia seguinte.
Não é a primeira vez que Walter Gomes pede autorização para tratar da saúde, Em 3 de novembro de 2017, ele submeteu-se a uma cirurgia para corrigir desvio de septo, em um hospital particular na Zona Sul de Ribeirão Preto. Na época, ele estava detido na Penitenciária acusado de tentar atrapalhar as investigações – escuta telefônica flagrou o ex-vereador aconselhando um de seus filhos a vender imóveis bloqueados pela Justiça.
Na sexta-feira (18), Walter Gomes foi condenado pelo juiz Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira há 17 anos de prisão na Operação Sevandija. Também foram condenados outros 20 réus denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) na ação penal que investiga um esquema de apadrinhamento político, compra de votos, pagamento de propina, fraude em licitações e terceirização de mão de obra na prefeitura de Ribeirão Preto.
A terceirização ocorreu por meio de contratos entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico (Coderp) e a empresa Atmosphera Construções e Empreendimentos. Além de Walter Gomes, outros oito ex-vereadores e quatro ex-secretários e ex-superintendentes da Coderp, empresários, funcionários públicos e um advogado foram condenados.
Ainda cabe recurso e a defesa dos réus já avisou que vai recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP). Os réus podem recorrer em liberdade, com exceção daqueles que já estão presos. O processo envolve denúncias de apadrinhamento político e “compra de votos” em troca de vagas terceirizadas de emprego – segundo a sentença, juntos os ex-vereadores teriam indicado 312 apadrinhados políticos para trabalhar em setores da prefeitura, contratados pela Atmosphera.
Em troca, os parlamentares aprovavam todos os projetos da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) e faziam vistas grossas às licitações vencidas pela empresa de Plastino. O caso também ficou famoso pelos “cafezinhos” entre o empresário e vereadores, nos quais a Polícia Federal teria flagrado o pagamento de propina.
A ação penal também investiga fraude em licitações e suposto pagamento de propina. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MPE, pede a devolução de R$ 105,98 milhões, valor que, segundo os autos, a Coderp pagou à Atmosphera, entre janeiro de 2012 e setembro de 2016, pelo preenchimento dos postos de trabalho ocupados indevidamente pelas pessoas indicadas, decorrentes de três contratos.
Os réus são acusados de organização criminosa, dispensa indevida e fraude em licitações, corrupção ativa e passiva e peculato. Todos negam a prática de crimes e dizem que vão provar inocência. O ex-superintendente da Coedrp e ex-secretário da Administração, Marco Antônio dos Santos,e o advogado Sandro Rovani são os únicos preso.
À exceção de Paulo Roberto de Abreu Júnior (ex-sócio da Atmosphera) e Alexandra Ferreira Martins (empresária e ex-namorada do empresário Marcelo Plastino, dono da Atmosphera que cometeu o suicídio), que fecharam acordo de delação premiada, todos os demais negam a prática de crimes e dizem que vão provar inocência.