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Voltar para casa

Foi o tema da reflexão que o meu irmão “de fé camarada” Marcos Zeri Ferreira apresentou no ambiente teosófico, e que foi irradiado pelo meio virtual, através de muitas redes sociais, disponibilizada pela Sociedade Teosófica.

Sua ilustrada palestra apresentou dois caminhos para as duas casas, uma a que se vive, outra para a qual voltaremos, com o apagar de nossas luzes de vida. A primeira é a do corpo, da alma, do espírito, que compõe a individualidade humana, que se pensa ser a única no universo, quando a própria ciência cria dúvidas profundas quanto a isso.

Essa inflexão, chamada de primeiro caminho, é para o si mesmo. Uma rota sempre inacabada de autoconhecimento e descoberta, que faz da pessoa um centro crítico de si, sem ignorar e desprezar as circunstâncias da vida, mas sem demorar nelas ou retê-las como imposições. É uma libertação que procura o êxito espiritual sem se distanciar delas e sem desprezá-las como fonte de criação.

Essa evolução acaba dando uma forma de compreensão que aprofunda mais e mais a curiosidade do conhecer-se, e que a pessoa faz para descobrir distante do apego material, imposto na atualidade da sociedade de consumo, como em outras épocas em que se produziram outros atrativos à vontade e à ambição. Dedica-se a um espiritualismo crítico de si em si e segue adiante no caminho de retomada plena da sua “casa”.

Existem mil caminhos para essa andança de volta ao si mes­mo. Os padres do deserto e os eremitas talvez sejam um ápice desse esforço gigantesco para se atingir uma dimensão espiritual, que sintomaticamente se revela riquíssima na magreza do corpo, e no olhar brilhante de quem conseguiu voltar e assumir sua “casa” corporal e espiritual, fazendo nela a faxina da redenção. Marcos ilustra com as vertentes espirituais da história sua pales­tra do “voltar para casa”, digo eu, para essa sua casa.

Mas, lembra, que a partícula infinitesimal que está nas estre­las, está nos homens, nas mulheres, nas crianças, nas plantas e nos animais, que estabelece uma invisível interligação entre tudo e todos que existe, como uma sinfonia universal drasticamente traída pelo império da razão, que coloca em nível inferior ou ignora a percepção e a intuição, que fazem os dominadores de si até adivinharem as coisas e o mundo.

Lembro-me do que escrevo celebrando, respeitosamente, a morte quem morreu: ele (ou ela) retornou para os azuis donde veio e para os quais voltaremos.

Esse é a segunda rota para uma hipotética segunda casa para a qual necessariamente se volta ou voltará.

Marcos Ferreira insiste na interligação entre o visível e o invi­sível, entre oculto e o aparente, entre o silêncio e o ruído, em razão do que a volta para si com suas conquistas e redenções é na verda­de a única casa dos dois caminhos, das duas vertentes da vida.

Quando se tem a humilde coragem ou a coragem humilde de procurar a primeira casa, na verdade você está construindo o alicerce da outra, já que você leva o que é, e ser como ser humano, abandonando o corpo inerte para ocupar a outra casa, que é a mesma casa, vivenciada agora na dimensão da essência espiritual.

Nela a pessoa responde por seus atos praticados na terra, como ensina a religião católica, ou retorna para se aperfeiçoar e se purificar, sempre precisa, em reiteradas reencarnações, como ensina a doutrina espírita.

O fato é que a reflexão é sobre a harmonia do universo, que é a dona da interligação necessária entre o ser humano, os ani­mais e as plantas, decorre, como lição, de correntes religiosas e humanistas, que se ocupam da solidariedade como lei natural da convivência entre os humanos, as coisas, os animais e as plantas.

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