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Você sabe como eram as Bibliotecas no Romantismo?

Iniciado o processo de independência da Colônia, os auto­res locais conhecidos eram produto da educação europeia e/ ou religiosa recebida até então. Entretanto, a vinda da Família Real, ao derrubar a medida que proibia a impressão e difusão de obras sem a autorização prévia de Portugal, viabilizou a impressão de livros em território nacional (Imprensa Régia), o que promoveu desde um sentimento de nacionalidade no território a um efetivo desenvolvimento da literatura no país. Aliado a isso, a impressão de jornais em grandes quantidades e a publicação periódica, nestes, de fragmentos de romances, os “folhetins”, ou “romances de folhetim”, impulsionaram o gosto pelas letras no país.

No decorrer do século XIX, a exemplo do que aconteceu no Rio de Janeiro, os governos provinciais também começa­ram a criar nas suas localidades teatros, arquivos e museus e bibliotecas na tentativa de compor a estrutura da organização administrativa que estava sendo implantada. A criação destas últimas ocorre, portanto, no seio da descentralização políti­co-administrativa do sistema de ensino no Brasil, ocasionada pelo Ato Adicional de 1834. O que isso significa, na prática? Que as bibliotecas brasileiras passam a ser criadas, ou insta­ladas, junto às instituições de ensino – os chamados Liceus – das capitais das províncias.

A Biblioteca Pública da Bahia foi, portanto, a primeira ins­tituição do gênero criada no Brasil com esse propósito durante a administração do governador Conde dos Arcos, em 1811. Na sequência, e nos mesmos moldes, foram inauguradas bibliote­cas na Província do Maranhão (1831), na Provincia de Sergipe (1851), em Pernambuco (1852), na Província de Santa Catarina (1854), no Espírito Santo (1855), na Província da Paraíba (1859, e recriada em 1890), na Província do Paraná (1859), em Alagoas (1865), na Província do Ceará (1867), na Província do Amazonas (1870 e 1883), na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (1877), no Pará (1846), no Lyceu Paraense, no Rio de Janeiro (1873) e no Piauí (1883).

Mas, cumpre fazermos indagações. Como elas se institu­cionalizaram nas diferentes províncias? Qual seu alcance na criação de uma identidade nacional? Conseguiram alcançar os objetivos iniciais dos que as criaram? Especialistas relatam respostas extremamente desfavoráveis. Criadas sem a previsão da infra-estrutura necessária, essas bibliotecas funcionaram em locais improvisados, sem profissionais adequados, com acervos compostos, em sua maioria, por doações, além de carecerem de recursos humanos adequados. Tal imagem negativa, des­motivando o público local, distanciou a população da sonhada elevação cultural nacional, invertendo valores: de local de ele­vação e esclarecimento, angariou o estigma de leitura-castigo, interessante apenas a uma pequena elite erudita.

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