O terremoto que abalou o sul da Turquia e o norte da Síria na segunda-feira, 6 de fevereiro, alcançou a marca mais letal do século após o número de mortos ultrapassar 20 mil nesta quinta-feira (9). Foi o pior abalo sísmico desde 1939 na região. O evento extremo superou o tremor de 2011, que provocou um tsunami no Japão, matando cerca de 20 mil pessoas.
Equipes de resgate locais, reforçadas pela ajuda da comunidade internacional, correm contra o tempo para encontrar sobreviventes embaixo dos escombros dos milhares de prédios que colapsaram nos dois lados da fronteira. Essa missão é dificultada pelo rigoroso inverno, enquanto o prazo considerado crítico para encontrar pessoas com vida se esgota.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que já foram confirmadas as mortes de 17.134 pessoas em decorrência do terremoto no país. Os dados foram atualizados até as 19 horas (horário de Brasília) desta quinta-feira, dia 9. O restante dos mortos reconhecidos até o momento vem da Síria: 3.162, totalizando 20.296 nos dois países, que ainda cuidam de 58 mil feridos com fraturas e lesões graves.
O governo oficial de Bashar al-Assad confirma que, em áreas que domina, mais de 1.500 perderam a vida em eventos relacionados ao terremoto. Nas áreas dominadas por forças rebeldes, o grupo voluntário dos Capacetes Brancos estima que mais de 1.600 pessoas morreram. Milhares de pessoas – mais de oito mil apenas na Turquia – foram retiradas de escombros.
Na Turquia, mais de dez mil prédios desabaram com os tremores. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou estado de emergência por três meses nas áreas afetadas do país. As autoridades turcas dizem que cerca de 13,5 milhões de pessoas foram afetadas em uma área de cerca de 450 quilômetros. Erdogan reconheceu que houve falha na resposta ao terremoto.
O governante visitou a província de Hatay, a mais afetada pelo desastre natural, na quarta-feira (8), e reforçou que o clima frio também é um fator que não colabora com as operações de emergência. As autoridades sírias relataram mortes até o sul de Hama, a cerca de 250 quilômetros do epicentro. Um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que milhares de crianças podem ter morrido.
A magnitude dos dois tremores principais atingiu 7,8 e 7,7 graus na Escala Richter, respectivamente. O sul da Turquia experimentou 285 tremores secundários, incluindo alguns fortes o suficiente para causar o desmoronamento de novos edifícios. Os terremotos na Síria mataram milhares de pessoas na região de Alepo e em várias outras áreas do país.
A informação é da organização de Defesa Civil da Síria e o Ministério da Saúde afiliado ao governo em Damasco. O chefe do Crescente Vermelho Sírio pediu a suspensão das sanções internacionais impostas ao governo de Assad para permitir a entrada de ambulâncias, veículos de combate a incêndios e outros equipamentos pesados no país para operações de resgate.
A estimativa é que o número de vítimas fatais seja ainda maior. Nesta semana, 25.000 pessoas participavam das buscas e das operações de resgate nos dois países, incluindo militares. Foram destinados 12,1 milhões de euros em fundos urgentes para as dez províncias mais afetadas. Mais de 60 países já ofereceram ajuda internacional: Estados Unidos, União Europeia, China e até Israel, entre outros países.
Bombeiros, médicos e cães farejadores do Brasil viajaram nesta quinta-feira para a Turquia para ajudar na busca e resgate das vítimas do terremoto ocorrido na segunda-feira, que vitimou, até agora, mais de 20 mil pessoas na Turquia e na Síria.
O Ministério das Relações Exteriores vai enviar ajuda humanitária à Turquia para prestar assistência nas buscas por sobreviventes nas regiões atingidas. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) saiu do aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, e tem como destino a cidade de Adana, no sul do país europeu, perto do epicentro do terremoto.
Segundo o Itamaraty, a equipe é formada por 42 pessoas especializadas em busca e resgate urbano e salvamento. A equipe conta com 34 bombeiros de São Paulo, de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Distrito Federal, além de médicos e agentes da defesa civil.
A missão humanitária inclui também cinco cães farejadores para colaborar na localização das vítimas do terremoto e seis toneladas de equipamentos para ajudar nas buscas. O Ministério da Saúde doou três conjuntos de “kits calamidade” que contêm, cada um, 250 qiilos de medicamentos e itens emergenciais – com capacidade para atender até 1,5 mil pessoas pelo período de um mês.