Tribuna Ribeirão
Política

Virou escritório – ‘É direito deles reclamar’

Clauber Cleber Caetano/PR

O presidente Jair Bolsona­ro reagiu nesta segunda-feira às reações de palestinos sobre a abertura de um escritório de negócios do Brasil em Jerusa­lém. “É direito deles reclamar,” disse. Bolsonaro está em Israel para uma visita oficial e ontem (31) anunciou uma nova repre­sentação comercial no país.

Após o anúncio, o Estado da Palestina chamou de volta seu embaixador no Brasil, Ibrahim Alzeben, para consultas e para estudar uma reação à medida do governo brasileiro.

No início da noite desta segunda-feira, havia a expec­tativa de que o presidente Bol­sonaro anteciparia seu retorno ao Brasil e que cancelaria vários compromissos, entre eles um encontro com 250 imigrantes brasileiros, na cidade e Raana­na, a 20 quilômetros ao Norte de Tel Aviv. O motivo do su­posto retorno antecipado não havia sido anunciado até o fe­chamento desta edição.

Localização
A Embaixada do Brasil em Israel está localizada em Tel Aviv e há planos do governo Bolsonaro de transferi-la para Jerusalém. De acordo com Bol­sonaro, essa transição deve ser feita com calma e mantendo contato com outros países.

“O que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Is­rael. Se fosse hoje abrir nego­ciações com Israel, colocaria a embaixada em Jerusalém. Ago­ra, não quero ofender ninguém, mas queremos que respeitem nossa autonomia”, disse.

A cidade de Jerusalém está no centro de confrontos e disputas entre palestinos e israelenses, pois ambos rei­vindicam o local como sa­grado. Para evitar o agrava­mento da situação, os países consideram Tel Aviv a capital administrativa de Israel, onde ficam as representações di­plomáticas internacionais.

Processo
Em Brasília, o presidente da República em exercício, Hamil­ton Mourão, disse que a aber­tura de um escritório do Brasil em Jerusalém não significa seu reconhecimento como capital por parte do Brasil. “É algo que não tem nada a ver com a diplo­macia. Podemos até considerar um passo intermediário naquela decisão inicial do presidente de mudar a embaixada.”

Em relação à discussão sobre a criação do Estado da Palestina de chamar seu embaixador de volta, Mourão também ponde­rou a reação dizendo que é um método de pressão diplomática e que, após a consulta, o embai­xador deve voltar.

“Uma vez que os países ára­bes, e os palestinos em particu­lar, entendam o alcance dessa decisão, que não muda nossa visão diplomática em relação à necessidade de que palestinos e israelenses tenham uma coexis­tência pacífica naquela região, como desde 1947 o Brasil apoia, a partir do momento que enten­dam que isso continua, não tere­mos problemas”, disse.

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