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Vinícola Terras Altas

Em julho do ano passado, escrevi neste espaço sobre a iniciativa pioneira e corajosa de José Renato Magdalena e Fernando Pagliuchi de Lima Horta ao fundarem a Vinícola Terras Altas, colocando nossa cidade entre as poucas pau­listas que produzem vinhos finos. O que parecia um sonho distante tornou-se pujante realidade.

Tive oportunidade de, recentemente, retornar à vinícola e impressionou-me o progresso que ela teve nestes 15 meses: onde havia um barracão de lona, hoje há uma instalação completa, que produz vinho, e, em final de acabamento, restaurante e wine bar. De seu interior, o projeto mantém a belíssima vista de Ribei­rão Preto ao longe e das reservas de mata nativa perto, transfor­mando o local em futura e breve atração turística da cidade.

Fui recebido pela fidalguia de Ricardo Baldo, o diretor responsável pela vinícola , que estava acompanhado de Fabiano Batistel, da área administrativa. Entre outras funções, Ricar­do comanda as duas partes essenciais para um bom vinho: o cuidado às videiras e a elaboração do produto. Como sabemos, o perfeito manuseio do vinhedo é fundamental, principalmente em nosso clima. Usa-se o método de irrigação por gotejamento.

Saber quando irrigar ou suspender a mesma é atividade que depende do conhecimento e do constante seguimento do solo. Também desbastar a vinha para permitir melhor insolação, sem esquecer a técnica de dupla poda, característica dos vinhos pau­listas. A colheita normal é feita na primavera-verão, quando cho­ve bastante e há possibilidade de várias pragas que prejudicam a uva. Com duas podas, transfere-se a colheita para o outono-in­verno. É muito interessante observar as videiras viçosas, com um verde pujante, neste calor ribeirão-pretano.

Responsável pela elaboração do vinho, a jovem enóloga Luisa Tannure impressiona pela segurança como mostra seu trabalho e, principalmente, nos apresenta seus produtos. Formada em enologia por prestigiada faculdade de nosso estado, depois de dois anos como responsável por outra vinícola paulista, aceitou o desafio de formar e desenvolver os vinhos da Terras Altas.

A vinícola aproveita o declive do terreno para adotar o manuseio das uvas por gravidade, começando, no térreo, pelo desengace, processo que separa os bagos da estrutura verde que os sustentam, feito de tal modo que não fere os frutos. Depois, moderno equipamento dá um pequeno pique na casca, prepa­rando a uva para o esmagamento. O suco resultante, chamado de mosto, é então lançado na boca de grandes toneis de aço,que ficam no pavimento inferior, onde se vai iniciar o processo de elaboração do vinho, com a adição do fermento.

Diretamente das cubas de aço inoxidável, experimentamos o Cava do Bosque, vinho rosé que passa a integrar o portfólio da empresa. Leve, extremamente agradável, com corpo equilibrado, combina bem com nosso clima quente e é escolha perfeita para acompanhar uma comida mais leve ou como aperitivo. Será um sucesso, tenho certeza.

Degustamos também duas amostras do Entre Rios, uma do vinho que não passará por barrica e outra de produto que será embarricado. As duas apresentavam as características da uva Syrah e deixavam surgir a qualidade e potabilidade que a consa­gram e que despertam o entusiasmo de quem nunca pensou que tomaria ótimo vinho feito em nossa cidade.

Por deferência de Ricardo Baldo, participei da experiência pioneira da vinícola, que é a de amadurecer o vinho em ânfora de barro, estrategicamente colocada em recinto refrigerado e com controle de umidade, o que apressa o processo e amacia o produto. Ouviremos falar muito deste assunto, pois o vinho ganha uma suavidade ainda maior.

Vale a pena conhecer esta pioneira iniciativa.

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