Tribuna Ribeirão
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Vinícola Biagi 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Meu querido amigo Luiz Lacerda Biagi demonstra sua ousadia de empreendedor cultivando uvas e produzindo vinho em sua fazenda Cravinhos, a poucos quilômetros de distância da cidade de mesmo nome.

Talvez sua inspiração tenha sido a visão que temos desde a fazenda das colinas suaves que se derramam por longa distância, reproduzindo uma paisagem que lembra a Toscana; ou então, entusiasmado por dar continuidade ao pioneirismo da Fazenda Cravinhos, fundada em 1820 pelo sábio Luiz Pereira Barreto. Médico formado na Europa, visitou a área que seria posteriormente sua fazenda, anteviu a riqueza da terra roxa, propagandeou suas virtudes nas páginas da Província de São Paulo ( hoje O Estado de São Paulo ) e trouxe o café Bourbon para nossa região; ou mesmo, numa atitude mais pé no chão, a constatação de condições de produção de uvas de boa cepa, que a altitude e a amplitude térmica permitem, adotando-se a técnica de dupla poda.

Luiz é filho de tradicional família de usineiros e empreendedores. Seu pai, Maurílio Biagi foi uma as grandes figuras de nossa história econômica, com a realização de vários empreendimentos, dos quais se destacam a Usina Santa Elisa, a fábrica de Coca-Cola Refrescos Ipiranga e o complexo industrial Renk-Zanini.

Formado em Economia pelo Mackenzie, Luiz sempre se interessou por novos negócios e novas tecnologias, tendo dedicado grande parte de seu tempo ao desenvolvimento do grupo empresarial da família. Amante da cultura e do saber, escreveu livros e patrocinou várias iniciativas da área, notadamente a Fundação Primeiro Mundo, para a preparação de jovens carentes e o Museu da Cana.

Em 2019, Luiz apaixonou-se pela técnica de dupla poda e lançou as bases do que seria a Vinícola Biagi.

A técnica de dupla poda, desenvolvida inicialmente pela EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais -, consiste em transferir a colheita da uva do verão para o inverno, período onde a amplitude térmica é maior e as uvas sofrem menos ataques de predadores. Para isso, realizam-se duas podas nas videiras durante o ano.

Com a uva Sangiovese, a Vinícola Biagi produz três vinhos: Um rosé, denominado Carla, em homenagem a uma irmã de Luiz;  dois tintos, Pietro e Pietro Gran Reserva, relembrando seu avô paterno. Com a uva Moscato Giallo, elabora um vinho branco, o Carina, nome de sua esposa e companheira de longos anos. Faz também um branco de uva Sauvignon Blanc e plantou outras variedades para experimentar a sua adaptação às terras da Fazenda Cravinhos.

Outro pioneirismo de Luiz foi a construção da Osteria Elizabetta, nome de sua avó paterna. Incrustada num dos pontos mais altos da fazenda, com bela vista das colinas que se desdobram, a Osteria foi construída em estilo italiano e oferece refeições de classe internacional e degustação de vinhos paulistas de dupla poda, sábados à noite e domingos, nos almoços.

Com todo o conforto de uma restaurante de classe, o acesso à Osteria é feito por alamedas que receberam o nome dos seus familiares, ladeadas por flores e por aqueles ciprestes italianos altos e pontudos, característicos da Toscana. Oliveiras centenárias foram transplantadas ao redor, dando um clima muito elegante, ao mesmo tempo que preserva o encanto rural.

É gratificante ver como um grande empreendedor colocou Ribeirão Preto na rota dos vinhos paulistas de inverno, que, a cada ano se aperfeiçoam e colocam nosso estado em destaque na viti-vinicultura nacional.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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