Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Passei uma semana visitando a região vinícola mais importante dos Estados Unidos, os vales do Napa e do Sonoma, no estado da Califórnia, o mais populoso e rico daquele país.
Apertados entre montanhas, os dois vales são cobertos de vinhedos, agora em fase de brotação, com alguns pequenos cachos já visíveis. Assim como nossa cidade é banhada por um mar de cana, aquela porção norte-americana é repleta de milhares de videiras, todas bordejadas por roseiras floridas, nesta época do ano.
A rosa, além de dar um charme extra às plantações, é poderosa aliada dos viticultores: o míldio e o oídio, principais fungos que destroem as videiras, atacam primeiro as roseiras, avisando assim o cultivador para tomar medidas sanitárias.
Nem sempre a Califórnia foi parte dos Estados Unidos. Com a chegada dos espanhóis no século XVIII, foram fundadas pequenas cidades na região, sob a égide da Igreja Católica. Em 1821, o México tomou o território, nele permanecendo até o fim da guerra com os Estados Unidos, em 1848, quando se viu obrigado a ceder a Califórnia para os americanos.
Dois anos depois, em 1850, a Califórnia tornou-se o 31º estado americano. Surgiu então a corrida ao ouro, com a descoberta de várias minas, o que trouxe pessoas de vários países para tentar a sorte no garimpo, ao mesmo tempo em que houve um massacre dos indígenas perpetrado pelos colonizadores, sob as vistas grossas do governo. A ligação continental feita pelos trens foi fundamental para o desenvolvimento da região, que começou a se dedicar à agricultura e a indústria.
Hoje, a Califórnia é centro de desenvolvimento tecnológico, com suas universidades e empresas do Vale do Silício, que colocaram os Estados Unidos na vanguarda de novas e desafiadoras tecnologias.
Para se ter uma ideia da importância da Califórnia, sua população de 38 milhões é a maior dentre os estados e seu PIB, de 3,5 trilhões de dólares é quase o dobro do PIB brasileiro, de 1,9 trilhões de dólares. Em consequência, enquanto o nosso PIB per capita é de US$ 9 mil, o dos californianos é de US$ 39 mil. A Califórnia representa 15% da economia estadunidense.
Passamos dois dias em San Francisco, cidade que me agrada muito, com suas ladeiras muito íngremes, seus bondinhos que as sobem e descem, seus piers à beira mar, com várias lojas e atrações, dentre elas os leões marinhos que tomam sol à vista de todos, seus restaurantes, suas lojas. Resquício da grande quantidade de chineses que vieram atraídos pelo ouro, tem uma interessante Chinatown, onde se podem encontrar os fortune cookies, pequenos pastéis assados contendo dentro tiras de papel que adivinham o futuro.
O Napa Valley encontra-se a 120 km ao norte de San Francisco e conta com várias cidades que vivem da vitivinicultura e do turismo. A cidade de Napa é bastante interessante, tem um promenade na borda do rio de mesmo nome, cheio de cafés e restaurantes. Vários parques, cuidados com o desvelo dos americanos, completam a paisagem. Tudo muito limpo, muito organizado, com grandes espaços públicos para o estacionamento dos visitantes. Charmosas lojas, padarias e floriculturas encontram-se na Main Street, a rua principal.
Outra cidade bastante agradável é Saint Helena, onde ficamos hospedados. Nosso hotel era no meio de uma grande área arborizada, com chalés no meio de canteiros floridos. Flores que se encontram em todos os lugares, afinal, é primavera no Hemisfério Norte.
Uma pequena povoação, entretanto, encanta os visitantes: Yountville, a mais sofisticada vila da região, com seus restaurantes fantásticos., sua lojas finas e suas casas de campo.
Mas, o mais importante da viagem eram os vinhos e as vinícolas, tema que fica para a próxima semana.
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras
Vinhedos da Califórnia
