Morador de rua foi levado para a UBS da Vila Tibério com quadro febril e teve convulsão, mas não havia médico no local: O radialista Maurício Bueno gravou um vídeo na terça-feira, dia 27, em que pede aos funcionários da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Tibério para socorrerem o andarilho, que morreu nesta quarta-feira (28)
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) vai investigar as circunstâncias da morte do andarilho Juliano Machado, de 40 anos, no final da manhã desta quarta-feira, 28 de fevereiro. Ele teve uma parada cardiorrespiratória na Unidade Básica Saúde (UBDS) da Vila Tibério, cerca de 24 horas depois de ter procurado o posto, onde teve convulsões. Não havia médico no local para atender o morador de rua.
O radialista Maurício Bueno gravou um vídeo na terça-feira, dia 27, em que pede aos funcionários da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Tibério para socorrerem o andarilho, deitado sobre um papelão na marquise do posto. Ele diz que Machado tinha o hábito de ficar na praça José Mortari e era conhecido pelos moradores do bairro.
Na tarde de terça-feira, o radialista encontrou o homem deitado em um ponto de táxi com febre e levou sopa para ele. Depois, o homem foi deitar embaixo da marquise da UBS e, nesse momento, Bueno entrou na unidade gravando um vídeo com o celular. Ele pediu remédios e alguém para atender Machado, mas não conseguiu antitérmico porque uma funcionária diz que só pode fornecer o medicamento mediante prescrição médica.
O radialista ainda conversa com uma atendente e explica que o morador de rua sofria um mal estar do lado de fora da UBS, mas a mulher responde que não havia médico no local. Nesse momento, o morador de rua sofre uma convulsão. O radialista discutiu com o enfermeiro, até que o profissional vai até uma sala, pega um par de luvas e passa a socorrer o andarilho, que continua deitado sobre um pedaço de papelão, na marquise do posto de saúde.
Em nota enviada à redação do Tribuna, a Secretaria Municipal da Saúde informa que irá fazer uma investigação sobre o ocorrido para levantar todas as informações. “Caso haja indícios de alguma falha no atendimento ao paciente, abrirá uma sindicância para apurar possíveis responsabilidades”, diz. “O falecimento do paciente Juliano Machado ocorreu às onze horas na UBS Vila Tibério. A causa da morte foi parada cardiorrespiratória, cujos motivos serão investigados pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO).”
O irmão do andarilho, Rodrigo Alexandre Machado, lamentou a morte de “um cidadão de bem dentro de um pronto-socorro”. Ele acusa a administração municipal de omissão de socorro. “Queira ou não nossos impostos que a gente paga se dão nisso daí. Brasileiro, pagando por isso, trabalhador, digno, por mais que era viciado, andarilho de rua, mas tem seu direito”, dispara
A Secretaria Municipal da Saúde confirmou que não havia médico na UBS da Vila Tibério no momento em que o andarilho sofreu a convulsão, mas informou que, antes das convulsões, o homem já havia sido atendido às dez horas de terça-feira, com crise hipertensiva, e permaneceu em observação no local até as 14 horas, quando tirou por conta própria o soro endovenoso, porque queria ir embora.
Por volta das seis da tarde, segundo a prefeitura, ele voltou a passar mal em frente ao posto e, novamente, não havia médico para atendê-lo, mas foi examinado por uma equipe e levado à Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) Central às 18h35. Nesta quarta-feira, Machado voltou a procurar a UBS da Vila Tibério por volta das nove horas e foi atendido, informa a administração.
Débora Alessandra da Silva, do Conselho Municipal de Saúde (CMS), também lamentou a morte do morador de rua e disse que deveria ter médico trabalhando no local. O Ministério Público Estadual (MPE), poremio do promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira, que já instaurou inquéritos para apurar ao menos cinco mortes em unidades da saúde da cidade na gestão Dárcy Vera (sem partido), deve investigar o caso.