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Vidas negras importam!

É natural a indignação do mundo todo – e de todos nós – contra mais um crime racial nos Estados Unidos, um país e uma sociedade marcados historicamente pelo racismo. Aqui no Brasil, a morte de George Floyd, no estado de Minnesota (EUA), também alcançou ampla repercussão na mídia tradicional e nos movimen­tos sociais e populares.

Eu penso que para que as vidas negras passem a importar é preciso, acima de tudo, valorizar e reconhecer o papel dos negros em nosso país, seus feitos, seus heróis, seus valores, patriotismo e eleva­do espírito de generosidade e solidariedade para com a comunida­de. Tal atitude deve ter sentido educativo, principalmente, para as nossas crianças e para a juventude exposta ao ambiente de corrosão dos valores sociais e divisão com que convivemos no dia a dia.

Reafirmo: a luta sem trégua contra o preconceito racial no Brasil se impõe pela valorização da herança e contribuição negra na for­mação da cultura e da identidade nacional brasileira e pela celebra­ção da mistura como traço decisivo da nossa história.

Devemos repudiar qualquer tentativa de se introduzir no Brasil modelos importados de sociedades que institucionalizaram o ra­cismo em suas relações sociais. O Brasil deve promover e exaltar a participação do negro na construção do País e reconhecer em todos nossos antepassados, todos, indígenas, africanos e europeus, o rele­vante papel na formação da identidade do povo brasileiro.

Minha ideia é que o Brasil é um país rico, principalmente em recursos humanos e na sua diversidade étnica e cultural. Se todos, negros, brancos, indígenas, asiáticos, puderem compartilhar do desenvolvimento dessa riqueza ele será mais próspero e feliz. Além de ser crime, o racismo é também um obstáculo intransponível a prosperidade e a felicidade entre as pessoas. Não há riqueza, nem felicidade num mundo de racismo e de opressão.

À frente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis, tenho lutado contra qualquer forma de discriminação entre as pessoas. Ao lado da nossa diretoria, me empenhei e tive o apoio da categoria em disciplinar o combate à discriminação em vários pontos do nosso Estatuto, atribuindo expressamente a entidade missão de “proteger o convívio democrá­tico entre os brasileiros e atuar com o objetivo de assegurar a efetiva expansão dos direitos sociais e da democracia”.

Em tempos em que discursos de ódio estão cada vez mais fortes e presentes no mundo, compreendendo que o racismo, o preconceito e a discriminação representam um grave risco para o bem-estar das pessoas, tivemos a consciência e a coragem de incluir como dever institucional da entidade a missão de “salvaguardar a unidade, a co­esão e a atuação solidária dos membros da entidade, não permitindo em seu seio atividade desagregadora, preconceituosa, discriminató­ria ou ainda ostensiva hostilidade”.

O estímulo à defesa da igualdade no espaço de tomada de deci­são da entidade foi efetivado com a constituição de funções específi­cas para a defesa da igualdade racial na Diretoria Executiva do nosso Sindicato. Além disso, com várias medidas que não caberiam em um artigo, lutamos incansavelmente para transformar a realidade ao nosso redor e, assim, contribuir para mudar o cenário de exploração, divisão e preconceito, que infelizmente ainda separa seres humanos.

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