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Vida de gari de RP é contada em livro

A HISTÓRIA do “Seo” Amaro, o gari que levou um ano e meio para vir a pé de Recife a Ribeirão Preto, fez 30 viagens à Aparecida de bicicleta e ainda carregou a tocha olímpica nos Jogos do Rio 2016

A Esplanada e o Theatro Pe­dro II estavam lotados na noite da última segunda-feira, 22 de maio, por causa da 18ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto e a participação do fa­moso escritor e filósofo Mario Sergio Cortella. Todas as cadei­ras do teatro foram ocupadas e um telão teve de ser armado do lado de fora para contemplar aqueles que não conseguiram o disputado convite.

Mas, outro público, não menos interessado, ocupava as cadeiras do Auditório Meira Júnior, no subsolo do Pedro II. No mesmo horário da palestra de Cortella, a jornalista Daniela Penha lançava seu livro “Histó­ria do dia – um olhar sobre o cotidiano pela trajetória de 50 pessoas”. Entre esses olhares atentos estava o do gari Amaro Silva, de 70 anos, um dos per­sonagens reais da obra.

Conhecido como “Seo” Amaro, estava acompanhado das filhas e foi elegante ao even­to. Contou ao Tribuna que esta­va afastado do serviço, mas que gostava de trabalhar na limpe­za urbana, ocupação dele há mais de 25 anos, os últimos 18 somente na varrição. Mas não foi o trabalho que despertou o interesse de Daniela Penha. E sim sua trajetória de vida.

Amaro chegou em Ribeirão Preto em 1968. Veio do Reci­fe, capital de Pernambuco. Já havia visitado o Estado de São Paulo, mas de trem, passando pela capital, Campinas e Ri­beirão Preto, mas voltou para o Nordeste. Decidiu porém, que a metrópole seria sua cidade para viver, trabalhar e constituir família. Ai começa a história. Percorreu 2.540 quilômetros de Recife para cá, a pé, em quase um ano e meio de caminhada. “Era muito difícil. A seca ju­diou muito, deu sede. Parava nas cidades, trabalhava, comia e seguia em frente”, lembra.

Homem de fé, “Seo” Amaro fez uma promessa no caminho. Se conseguisse emprego e com­prar uma casa, iria de bicicleta a Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba (SP), hoje só Apa­recida. Conseguiu e pagou a promessa 30 vezes, fazendo o percurso de quase 500 quilô­metros em três dias.

Sua determinação e luta foram reconhecidos durante o período das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Homena­geado, foi escolhido para car­regar a tocha e acender a pira olímpica em Ribeirão Preto. “Isso foi emocionante. Quem iria imaginar que eu fosse esco­lhido?”, brinca.

A trajetória de “Seo” Amaro com mais riqueza de detalhes e de outras 49 personagens podem ser lidas no livro de Daniela Penha, resultado do primeiro ano do site “História do Dia”. Até dezembro do ano passado, ela contou 192 histó­rias. Para o livro publicado pela Editora Outras Palavras, foram selecionadas 50.

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