Há quem associe as grandes metrópoles à metáfora “selva de pedra”. A cantora e compositora Verônica Ferriani, contudo, usa a forma de um aquário para fazer alusão aos grandes centros urbanos. Isso porque as pessoas vivem em um ambiente cada vez mais controlado, sempre em busca de condições ideais de temperatura e pressão para (sobre)viver.
O que se torna um fator limitante e padronizador de costumes e ideias. Inspirada por estas relações e complexas situações, Verônica também chamou o seu novo trabalho de “Aquário”. Produzido por Diogo Strausz e coproduzido pela própria artista, o disco tem lançamento previsto para 14 de setembro.
Sucessor de “Porque a boca fala aquilo do que o coração tá cheio (2013)”, o álbum “Aquário” afasta a compositora do tom confessional feminino e da temática amorosa para colocá-la diante de temas coletivos recorrentes à consciência contemporânea. São eles: as transições, as simultaneidades e o desejo de pertencimento e de contato com mistérios existenciais.
“Para isso, criei perfis realistas e/ou futuristas em reflexões que vão do tribunal – implacável – das mídias sociais, do moralismo restritivo e das relações de poder e interesse até uma afeição entre humanos e robôs”, conta a cantora nascida em Ribeirão Preto.
Composto por 12 faixas autorais, o disco é de poesia profunda e som dançante. Foi agraciado com algumas participações especiais. Manoel Cordeiro, por exemplo, tocou piano wurlitzer e violão de nylon na faixa “É só o amor” (ele também aparece com o seu violão em “Amadurecer”). Mestrinho deixou sua sanfona marcada em “Ponto de fuga”, música em que Teco Cardoso assumiu o pife.
A ribeirão-pretana Verônica Ferriani lançou seu primeiro disco em 2009, com a regravação de canções lado B de Gonzaguinha, Paulinho da Viola e João Donato, entre outros. No mesmo ano, gravou o projeto coletivo “Sobre palavras”, com músicas de Chico Saraiva e letras de Mauro Aguiar. Integrou a Gafieira São Paulo, vencedora do 22º Prêmio da Música Brasileira como melhor grupo de samba, em 2011, e também excursionou em turnê voz e violão com Toquinho.
Em 2012, foi convidada para participar do Projeto Novas Vozes do Brasil, promovido pelo Itamaraty, e se apresentou em países como Colômbia, Portugal, Espanha, Rússia e Japão. No ano seguinte, lançou seu segundo disco, “Porque a boca fala aquilo do que o coração tá cheio”, somente com músicas autorais, uma grata surpresa para o público e crítica.
Venceu os Prêmios Catavento (2009), Profissionais da Música (2016) e Grão (2018). Entre 2012 e 2016, participou do Projeto Novas Vozes do Brasil e, em uma parceria do Itamaraty com o Ministério da Cultura, fez shows a convite das Embaixadas do Brasil na Colômbia, Portugal, Espanha, Rússia, Japão, Israel e Argentina.
Verônica Ferriani já dividiu palcos com Beth Carvalho, Ivan Lins, Martnália, Spokfrevo Orquestra, Jair Rodrigues, Francis Hime, Martinho da Vila, Tom Zé, Élton Medeiros, Moacyr Luz, Moska, Oswaldinho da Cuíca, Maria Alcina, Criolo e Zé Renato, entre outros.