A música é uma das mais sublimes formas de comunicação humana. Desde os primórdios da civilização, o homem cantava, quer reproduzindo sons da natureza, quer inventando pequenas canções. Os gregos, que influenciaram muito a civilização ocidental, tinham deuses e semideuses musicais, que marcavam a ligação entre o terreno e o sublime. O maior deles era Apolo, muito importante na mitologia daquele povo. Com o desenvolvimento da humanidade, a música acompanhou este crescimento, desde as suaves e simples canções medievais até a extraordinária musicalidade erudita, que domina os séculos XVI a VXIII. Ao classicismo começam a se opor e complementar as obras profanas, que dão origem à música popular.
Nosso país tem rica e diversificada história musical, nascida das canções dos povos nativos e dos escravos negros, que se mesclaram com a influência europeia da colonização. Surgem então o lundu, o frevo, o chorinho, o samba e a bossa nova, que convivem hoje com influências norte-americanas do jazz, rock e pop.
Estas considerações surgiram depois de eu ouvir, com grande satisfação, uma apresentação online da cantora Verônica Ferriani, com obras de Dorival Caymmi. Verônica nasceu em nossa cidade, filha de pais que sempre estimularam o seu gosto musical. Seu pai, Carlos Roberto Ferriani, cirurgião plástico, desenvolveu sua veia artística na sua profissão, pois todo plástico precisa ser um escultor para levar adiante a sua vocação.
Além disto, é escritor e poeta, membro da Academia Ribeirãopretana de Letras, sendo o homenageado deste ano da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto. Gosta de dedilhar seu violão. Sua mãe, Flávia Meirelles Ferriani, dona de belíssima voz, foi exemplo e incentivo, preparando Verônica para seu futuro. Ambos transmitiram à cantora os valores pessoais, familiares e morais que caracterizam a sua família como exemplar.
Desde que ganhou um violão aos oito anos de idade, Verônica foi traçando sua carreira. Depois de estudar em escolas de Ribeirão Preto, mudou-se para São Paulo, onde se formou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Em 2003, a convite de Chico Saraiva, pisou o palco pela primeira vez e não mais parou. Já se apresentou nas principais cidades brasileiras e no exterior: Argentina, Peru, Uruguai, Colômbia, Paraguai, Japão, Espanha, Portugal, França, Israel, Estados Unidos, Rússia.
Além de participar de vários discos, lançou em 2008 seu primeiro CD “Verônica Ferriani” ; em 2013 seu CD autoral “Porque a boca fala aquilo de que o coração tá cheio” e em 2018, seu álbum “Aquário”. Estas obras demonstram a evolução técnica e temática da cantora.
Dona de uma voz deslumbrante, que modula de acordo com a necessidade da música, durante a pandemia faz apresentações pelo seu canal de YouTube, todas as terças-feiras, às 21 horas, oportunidade de se verificar seu virtuosismo e seu belíssimo repertório, todo de músicas brasileiras. Ela domina a tela com seu sorriso aberto, sua simpatia,sua facilidade de comunicação e – mais importante – com sua voz.
Verônica Ferriani é patrimônio cultural desta cidade e merece nosso respeito e a homenagem de todos os ribeirão-pretanos de nascença e por adoção, que se orgulham muito de sua artista.