Tribuna Ribeirão
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Vereadores querem ‘tombar’ locomotiva

Duas ações da Câmara de Ribeirão Preto deverão im­pedir – ou ao menos retardar – a remoção da maria-fumaça que está no pátio da Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte de Ribeirão Preto, para Salto (SP), na região de So­rocaba (SP). Os vereadores Isaac Antunes (PR) e Fabiano Guimarães (PR) atenderam ao pedido feito pelo presidente da Federação de Conventions & Visitors Bureaux do Estado de São Paulo e do Brasil, Már­cio Santiago, e entraram com requerimento solicitando ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribei­rão Preto (Conppac) o tomba­mento da locomotiva.

A máquina está em Ribeirão Preto há mais de 40 anos. Foi ad­quirida pela Companhia Mogia­na de Estradas de Ferro (CMEF) em 1893 e foi fundamental para o desenvolvimento de Ribeirão Preto, que virou a atual me­trópole graças à chegada dos imigrantes italianos e de ou­tras nacionalidades que vieram trabalhar nas lavouras de café. Agora, segundo a legislação, a locomotiva não poderá deixar a cidade até que o processo seja concluído pelos conselheiros.

A votação do requerimen­to e a abertura do processo de tombamento só vão ocorrer em 2018, quando a Câmara volta­rá do recesso parlamentar. No mesmo mês o Legislativo vai votar outra proposta, de autoria do vereador Jorge Parada (PT), que cria uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para acompa­nhar o caso e avaliar a situação da maria-fumaça como patri­mônio histórico e cultural de Ri­beirão Preto.

”A história de Ribeirão Preto está diretamente ligada a rede ferroviária. A cidade cresceu graças a chegada da Mogiana em 1883, propiciando a rápida expansão da cultura cafeeira e de toda economia local. Não po­demos deixar que essa parte da história da cidade vá embora de uma forma inesperada e insensí­vel”, alerta o petista.

O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) cedeu a locomotiva e três vagões ao Consórcio Inter­municipal do Trem Republicano (Citrem), formado pelas prefei­turas de Salto e Itu para que a maria-fumaça e os demais bens fossem utilizados para transpor­te de passageiros em roteiros do turismo local. A ação que impe­diu a transferência foi impetra­da pelo procurador André Luiz Morais de Menezes em maio de 2014, amparada por uma deci­são da 7ª Vara Federal de Ribei­rão Preto na quarta-feira (20).

A Polícia Federal impediu que a maria-fumaça fosse levada para Salto. Santiago usou a tribu­na da Câmara para agradecer os vereadores e voltou a afirmar que a cidade deixou de ganhar uma verba de R$ 4,8 milhões solicitada pelo deputado federal baleia Rossi (PMDB-SP) ao Ministério do Tu­rismo (MTur) – o próprio parla­mentar diz que conhece o projeto, mas não teve acesso à liberação do recurso. A Ferrovia Centro­-Atlântica (FCA), do grupo VLI, deixou de ser a proprpietária dos bens, que passou para o Dnit.

A locomotiva foi adquirida em 1893 pela Companhia Mo­giana. A outra maria-fumaça, a “Amália”, está na praça Francis­co Schmidt, no Centro, picha­da e constantemente “frequen­tada” por usuários de crack. Ambas fazem parte do projeto da Federação de Conventions & Visitors Bureaux do Estado de São Paulo e do Brasil, bati­zado de “Trilhos da Mogiana”, que pretende revitalizar linhas, trilhos e estações, além das lo­comotivas, e implantar um trem turístico na cidade em um per­curso de oito quilômetros.

O secretário municipal de Turismo, Edmilson Carlos Do­mingues, desconhece o pro­jeto de Santiago, que tenta agendar uma reunião com o prefeito Duarte Nogueira Jú­nior (PSDB) para apresentar oficialmente a proposta. O tucano defende a permanên­cia da locomotiva na cidade. A prefeitura também ressalta que um projeto semelhante ao de Santiago está em análise em parceria com o Instituto Histó­rico do Trem. Nogueira enviou ofício ao ministro dos Trans­portes, Portos e Aviação Ci­vil, Maurício Quintella Les­sa, e o diretor geral do Dnit, Valter Casimiro Silveira, para informar que discorda da cessão da locomotiva.

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