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Vereadores aprovam extinção de 80 cargos

ALLAN S. RIBEIRO/CÂMARA

A Câmara de Vereadores aprovou, por 12 votos a favor e oito contrários, o projeto de lei complementar número 18, que trata da organização adminis­trativa e da reorganização do quadro de pessoal da prefeitura de Ribeirão Preto. A proposta elimina ou determina a reade­quação de aproximadamente 80 cargos comissionados.

Votaram a favor Maurício Gasparini (PSDB), Bertinho Scandiuzzi (PSDB), Mauricio Vila Abranches (PSDB), Rena­to Zucoloto (PP), Elizeu Rocha (PP), Igor Oliveira (MDB), Ma­theus Moreno (MDB), Marcos Papa (Cidadania), Paulo Modas (PSL), Brando Veiga (PR), Gláu­cia Berenice (DEM), Isaac Antu­nes (PL) e José Donizeti Ferro, o Franco ferro” (PRTB).

Votaram contra a proposta Sergio Zerbinato (PSB), Luis Antonio França (PSB), Jean Courauci (PSB), Duda Hidalgo (PT), Judeti Zilli (PT, Coletivo Popular Juderti Zilli), Lincoln Fernandes (PDT), Ramon Faus­tino (Psol, Coletivo Popular Ra­mon Todas as Vozes) e André Rodini (Novo). Por causa do Regimento Interno da Câmara, Alessandro Maraca (MDB) só vota em caso de empate.

A prefeitura diz que a mu­dança foi necessária porque, em 15 de julho do ano passado, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), colegiado da Corte Paulista que reúne 25 desembargadores, con­siderou inconstitucionais 39 leis municipais da prefeitura de Ri­beirão Preto que criaram cargos comissionados entre os anos de 1993 e 2018.

Na decisão, o Tribunal de Justiça deu prazo de 120 dias, contados a partir da decisão, para a prefeitura elaborar leis es­pecíficas e reestruturar os cargos comissionados. Entre as funções consideradas irregulares pelo TJ/SP estão os cerca de 80 car­gos que vão desde assistente de secretário, assessor de gabinete, chefes de divisões como o de limpeza, assessores de comuni­cação, coordenador de comuni­cação e coordenador de Limpe­za Urbana, entre outras.

A proposta de extinção e re­adequação de cargos é um dos oito projetos de leis complemen­tares da reforma administrativa proposta pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB) que deram entrada na Câmara em 1º de abril. São mais de mil paginas. O objetivo é estruturar, aumentar a eficiência da máquina pública e gerar economia de recursos. Porém, não é unanimidade.

O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM­-RPGP) é contra a reforma. De acordo com a entidade, a pro­posta sequer foi discutida com os envolvidos ou com a socieda­de. A entidade ressalta ainda que os projetos foram apresentados em momento inadequado por causa da pandemia do corona­vírus que proibiu, por exemplo, eventos presenciais, como as au­diências públicas.

A Câmara de Vereadores está com as atividades presenciais sus­pensas porque Ribeirão Preto e as demais 645 cidades paulistas estão na fase de transição do Plano São Paulo. O Sindicato dos Ser­vidores afirma que tomará as medidas judiciais cabíveis sobre o assunto. Ou seja, vai tentar derrubar a reforma na Justiça.

O Instituto Ribeirão 2030 também não concorda com o modelo adotado pela prefeitu­ra. Diz que não se trata de re­forma administrativa real, mas é “apenas um rearranjo interno insuficiente, provavelmente com falhas e omissões, e cujos efei­tos – positivos e negativos – são imensuráveis neste momento”.

O projeto aprovado foi um substitutivo da proposta original e deu entrada no Legislativo em 16 de abril para corrigir falhas téc­nicas detectadas em audiência pú­blica híbrida (virtual e presencial apenas para vereadores) realizada no dia 14 pela Comissão Perma­nente de Finanças, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tributá­ria, com a participação de apro­ximadamente 100 pessoas.

A proposta foi votada em re­gime de urgência. Os vereadores da base governista argumenta­ram que, em função do prazo legal determinado pelo TJ/SP, não poderiam aguardar o trâmi­te normal. A Câmara aprovou requerimento neste sentido na sessão de terça-feira (20).

Os vereadores apresenta­ram 214 emendas, mas apenas 32 foram aprovadas. Caso os autores das sugestões rejeita­das decidam questionar a de­cisão da Comissão de Consti­tuição e Justiça (CCJ), o prazo para apresentar requerimento é de três dias. São necessárias doze assinaturas.

Os estudos realizados para a elaboração da reforma adminis­trativa revelam que atualmente existem cerca de 100 cargos que poderiam ser ocupados tanto pelos servidores efetivos como por comissionados, porém, a proposta é de que todos estes es­paços sejam preenchidos pelos funcionários de carreira.

O documento ainda revela que as gratificações, regras de progressão de carreira e todos os direitos dos servidores públicos municipais seguem assegura­dos. Atualmente, o quadro da prefeitura é composto por 93,4% de estatutários, contra apenas 2,3% de comissionados.

A decisão atende a uma ação movida pela Procuradoria-Ge­ral de Justiça de São Paulo, que alegou inconstitucionalidade pela ausência de especificação dessas atribuições no corpo da lei e compatíveis com as respec­tivas atividades, vulnerando pre­ceitos da Constituição Federal, com validade obrigatória nos Estados e municípios. A nova lei garante todos os direitos dos servidores públicos e comissio­nados. Todos os benefícios fo­ram mantidos e sistematizados, diz a prefeitura.

Secretaria de Justiça
A reforma ainda prevê a transformação da Secretaria de Negócios Jurídicos em Secre­taria Municipal de Justiça, que será responsável pela Guarda Civil Metropolitana, Órgão de Proteção ao Consumidor (Pro­con-RP, sairá do controle da Secretaria Municipal de Assis­tência Social) e Departamento de Fiscalização Geral (deixará de ser subordinado à Secretaria Municipal da Fazenda.

Controladoria Geral do Município
Para prestar assessoria técnica ao gabinete do Executivo, a refor­ma administrativa propõe a cria­ção da Controladoria Geral. Ela será composta por cinco mem­bros, sendo quatro deles funcio­nários efetivos, entre eles o cargo do controlador-geral. Ontem, foi aprovada a migração do Arquivo Público e Histórico da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e para a de Administração.

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