Isaac Antunes (PL) pediu a cassação de Perla Müller (PT) por ela ter dito que Dona Olinda Bolsonaro deveria ter morrido 66 anos atrás, antes de parir o filho investigado pela PF
O vereador Isaac Antunes, presidente do Diretório Municipal do Partido Liberal em Ribeirão Preto, resolveu sair em defesa de Jair Messias Bolsonaro por causa de uma declaração infeliz e de mau gosto da colega de Câmara Perla Müller (PT). Na noite desta quinta-feira, 4 de maio, o pedido de cassação da petista teve sua admissibilidade aceita por nove votos favoráveis, sete contrários e uma abstenção.
Comissão – Isaac Antunes e Perla Müller, por serem partes do processo, não votaram. Já o presidente o presidente da Câmara Franco Ferro (PRTB) não votou por que só é obrigado a fazê-lo quando há empate. Matheus Moreno (MDB) e Paulo Modas (Uinão Brasil) não participaram da sessão. A Comissão Processante (CP) terá 90 dias para concluir os trabalhos. André Trindade (União Brasil) será o presidente e Lincoln Fernandes (PDT) o relator. Maurício Gasparini (União Brasil) também vai participar.
Antes da leitura do pedido de cassação em plenário, a sessão foi interrompida para duas longas reuniões. A primeira comandada por Antunes com a parlamentar e a segunda com todos vereadores presentes na sessão. O objetivo, segundo o Tribuna Ribeirão apurou, era uma tentativa da petista com o pedido de cassação, caso ela se retratasse da declaração sobre Dona Olinda, mãe de Bolsonaro.
Erro – Ao usar a Tribuna da Câmara, após a leitura da denúncia, a vereadora afirmou que sua fala na entrevista foi um erro, um equívoco e um deslize. “Peço desculpa, de fato, pelo que disse, a esta Casa e a quem se sentiu ofendido. Na nossa vida precisamos tomar cuidado com o que falamos e como nos expressamos”, disse.
“Daqui para a frente triplico meus cuidados e reforço que essa fala foi algo isolado e não representa minha história de vida. Reconheço o meu erro e peço desculpas pelo ocorrido”, afirmou. Porém, o Legislativo já arquivou inúmeras denúncias muito mais graves, inclusive envolvendo Isaac Antunes.
O vereador quer cassar o mandato de Perla Müller porque a petista fez um comentário sobre o nascimento de Bolsonaro. Perla Müller é suplente de Judeti Zilli (PT, Coletivo Popular), afastada para tratamento de saúde. Assumiu o cargo em 23 de março.
Decoro – No pedido de cassação, Isaac Antunes afirma que a vereadora cometeu quebra de decoro parlamentar ao se referir à morte da mãe do ex-presidente Jair Bolsonaro, Olinda Bolsonaro, durante entrevista a uma emissora de rádio FM da cidade, no 28 de abril.
Entrevista – Ao responder à pergunta sobre a morte de Dona Olinda, Perla Müller disse que a mãe do ex-presidente teria morrido com 66 anos de atraso. Uma declaração de mau gosto, sem dúvida. A mãe de Bolsonaro morreu na madrugada 21 de janeiro de 2022, aos 94 anos, após sofrer duas paradas cardiorrespiratórias.
Jair Bolsonaro tem 66 anos de idade. A aprovação surpreendeu, pois a Câmara não costuma ser tão implacável com os deslizes dos vereadores. O próprio Isaac Antunes escapou de cassação por ter cometido um crime muito mais grave. Em agosto do ano passado, o munícipe Rodrigo Leone ingressou tentou cassar o mandato do parlamentar. O liberal admitiu ter cometido crime eleitoral e fez acordo para não ficar inelegível, no âmbito da Operação Temis.
O acordo foi proposto pelo promotor Paulo Cesar Souza Assef, da 265ª Zona Eleitoral de Ribeirão Preto, e homologado pelo juiz eleitoral Thomaz Carvalhaes Ferreira no dia 20 de julho. Isaac Antunes está em seu segundo mandato como vereador. Virou réu em ação movida pelo Ministério Público Eleitoral em março de 2020.
Era investigado acusado de promover um esquema para captação ilegal de votos nas eleições de 2016. Ele é acusado de ter feito campanha eleitoral antecipada e de ter conseguido dados pessoais de pessoas inadimplentes que serviram para a realização de fraudes judiciais de R$ 100 milhões apuradas na Operação Temis, em 2018.