A vereadora Gláucia Berenice (DEM) protocolou, no Ministério Público do Trabalho, uma denúncia em que pede a intervenção do MPT, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde e a prefeitura de Ribeirão Preto, para fiscalizar as empresas de call center da cidade. Segundo a democrata, os funcionários correm risco de contrair o coronavírus (covid-19).
Na quinta-feira, 19 de março, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) declarar ou situação de emergência por 180 dias e determinou o fechamento de vários estabelecimentos até 5 de abril. A iniciativa de Gláucia Berenice é baseada em denúncia de funcionários dos call centers, que reclamam das condições de trabalho a que estão sendo submetidos neste período de crise sanitária.
A denúncia relaciona duas empresas, uma nos Campos Elíseos e outra no Parque Industrial Lagoinha, ambos bairros da Zona Norte. Em uma delas, que presta serviços de cobrança, funcionários apontam que trabalham cerca de mil pessoas, com distância de apenas 80 centímetros uma da outra e que há um vidro de álcool gel para cada dois funcionários.
Sem contar que dividem o mesmo headset e contam com banheiros extremamente lotados. “Recebemos a denúncia e recorremos ao MP como forma mais urgente para resolver essa questão, que não se trata de arriscar o lucro empresarial, mas de ajudar a sanar uma epidemia que pode levar vidas humanas”, destaca a vereadora.
Na denúncia, a emedebista pede que sejam adotadas medidas emergenciais, com o fim de evitar maiores prejuízos a saúde da população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam como medida de prevenção a redução da jornada de trabalho, que seja observado a distância mínima de um metro de uma baia da outra, que sejam fornecidas luvas, óculos de proteção, mascaras e álcool em gel para cada funcionário.
Incluem-se, entre as recomendações de prevenção, a limpeza e a higienização frequente do local de trabalho, a promoção regular de limpeza das mãos e a disposição de lenços em locais de fácil acesso, além da recomendação para evitar multidões e sugestão do tele trabalho, como medidas para combater a propagação do vírus.
Para a vereadora, se nada for feito imediatamente, a atitude dessas empresas, pode incentivar a disseminação da covid-19 e agravar a epidemia “Essas empresas, como locais de trabalho, pelas suas condições, podem ser um foco de transmissão”, destaca a vereadora.
Corre-corre
Logo após o anúncio de que o documento havia sido protocolado no MPT, o gabinete da vereadora recebeu a informação de que uma das empresas de call center havia anunciado medidas para promover o trabalho em sistema home office.
De acordo com a fonte, os responsáveis pela empresa estão realizando um levantamento para organizar o envio de equipamentos necessários para que os trabalhadores possam atuar em suas casas, como instalação dos programas de computadores nos aparelhos particulares ou disponibilização para quem não têm computador em casa.
Porém, o tempo para essa adequação pode ser de até duas semanas. “Não podemos ficar de braços cruzados diante da irresponsabilidade de empresas em Ribeirão Preto e precisamos agir rápido; em duas semanas pode ser tarde demais”, alerta Gláucia Berenice. A denúncia foi divulgada à imprensa no final da tarde e o Tribuna não conseguiu ouvir as empresas, por isso optou por não divulgar os nomes.