As vendas do varejo de Ribeirão Preto caíram 2,15% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado – naquele período a retração foi superior, de 2,59%. No primeiro trimestre de 2019, os lojistas ribeirão-pretanos já haviam constatado queda de 1,14% em janeiro, 1,55% em fevereiro e 1,99% em março. O comércio local fechou 2018 com recuo de 1,74%, a quinta baixa anual seguida – o último balanço positivo do setor foi constatado em 2013, com crescimento de 1,23%.
Os lojistas da cidade já haviam constatado déficit de 1,13% no acumulado de 2017. O índice do ano passado, porém, foi melhor do que o de 2016 (queda de 2,73%) e de 2015 (recuo de 3,78%) e pior que o recuo de 0,46% de 2014.A baixa de abril foi a oitava consecutiva desde setembro, quando a retração foi de 0,39% – seguida dos resultados negativos de outubro (-3,19%), novembro (-3,12%), dezembro (-0,60%), janeiro (-1,14%), fevereiro (-1,55%) e março de 2019 (-1,99%). A situação não mudou neste início de ano.
Os dados são da Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp), divulgados nesta quarta-feira, 15 de maio. Em 2018, o estudo indicou retração em dez dos doze meses do ano. O saldo foi positivo em janeiro, com aumento de 1,36%, e em agosto, com leve alta de 0,79%. Além de outubro, novembro e dezembro, caiu 2,9% em julho e junho fechou em queda de 1,95%. Março terminou com baixa de 1,99%, e abril, de 2,59%. Em maio, porém, caiu 3,99%. Foi um dos mais relevantes resultados negativos dos últimos anos, reflexo da greve dos caminhoneiros que parou o País.
Entre os empresários entrevistados em abril deste ano, 60,4% afirmam que as vendas de 2019 foram piores do que no mesmo período de 2018, enquanto 27,1% dizem o contrário e 12,5% consideram os dois períodos equivalentes. Sete dos nove setores pesquisados fecharam o mês no “vermelho” e o pior resultado foi registrado no de móveis (-5,20%), seguido por calçados (-4,40%), ótica (-4,22%), livraria/papelaria (-3,99%), cine/ foto (-2,51%), tecidos/enxoval (-1,87%) e presentes (-0,50%). Apenas os de vestuário (2,76%) e eletrodomésticos (0,58%) registraram alta.
Empregos
Com relação ao emprego, ocorreu uma redução sutil no número de postos de trabalho de 0,38%. Entre as empresas entrevistadas, 91,6% mantiveram seus quadros funcionais em abril, enquanto 6,3% demitiram e 2,1% contrataram. “Esse resultado não representa uma ameaça, mas em tempos de desemprego alto, qualquer redução assusta”, explica Marcelo Bosi Rodrigues, economista do Sincovarp e responsável pelo estudo. O setor que mais contratou foi o de tecidos/enxoval, elevando o número de funcionários em 0,45%. Já os de livraria/ papelaria e presentes reduziram seus quadros, respectivamente, em 3,11% e em 0,80%.
Análise
Para Rodrigues, o comércio de Ribeirão Preto, assim como toda a economia do país, vem sofrendo com o marasmo do mercado. “O orçamento apertado em todas as esferas do governo vem causando uma espécie de engessamento da atividade econômica. Ao invés de encararmos as discussões que realmente interessam para o país, ficamos à mercê de uma classe política que tem feito ‘birra’ por não aceitar a redução dos privilégios e nos mantêm reféns de um impasse político”, diz
Segundo ele, a classe política não consegue entender “que o país necessita urgentemente reduzir o tamanho do estado e que os empresários não aguentam mais ‘carregar’”, explica. “Não é necessário dizer que a economia está estagnada, qualquer um pode observar que as vendas há muito tempo não reagem”, finaliza Rodrigues.