O varejo de Ribeirão Preto voltou a registrar queda nas vendas, depois de começar o ano com novo fôlego – fechou janeiro com alta de 1,36%, mas depois foram quatro resultados negativos seguidos – fevereiro terminou com retração de 2,36%, assim como março, com 1,99%, e abril, de 2,59%. Em maio, porém, o recuo foi de 3,99% em comparação com o mesmo período de 2017, quando os lojistas já haviam constatado baixa de 1,56%. A queda do mês passado é uma das mais relevantes dos últimos anos, reflexo da greve dos caminhoneiros que parou o País. Nem o Dia das Mães “salvou” o setor.
As vendas do setor subiram 0,38% em dezembro – o Natal ajudou a interromper uma sequência de três meses seguidos no “vermelho”, mas o carnaval interrompeu a boa fase. Os dados são da Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp), divulgados nesta quinta-feira, 23 de junho.
Entre as empresas entrevistadas, 72,9% declararam retração nas vendas em relação ao ano passado, 25% disseram que 2018 foi melhor e 2,1% informaram que os períodos foram equivalentes. “O resultado negativo foi intensificado no final do mês em decorrência da paralisação dos transportadores em todo o país, o que colocou a economia numa espécie de congelamento por quase uma semana”, avalia o economista Marcelo Bosi Rodrigues, responsável pelo estudo.
As vendas no varejo ribeirão-pretano caíram 1,13% no acumulado do ano passado. O índice foi melhor do que os de 2016 (queda de 2,73%) e 2015 (recuo de 3,78%) e pior que a retração de 0,46% de 2014. O pior resultado de 2017 foi registrado em outubro – nem o Dia das Crianças conseguiu segurar os negócios do setor –, com recuo de 2,84%, apesar de o Sincovarp tem informado em fevereiro que o resultado foi de -2,68% com ajustes.
Em novembro a queda foi de 1,21% e, em setembro, as vendas recuaram 0,63%, depois de registrar crescimento de 1,13% em agosto e de 0,08% em julho. O sindicato já havia registrado queda de 1,58% em junho, 1,56% em maio, 1,78% em abril, 0,87% em março, 2,47% em fevereiro e 1,97% em janeiro.
Setorial
Entre os setores, todos fecharam maio no “vermelho”, sendo que o pior desempenho foi de livraria/papelaria (6,50%), seguido por tecidos/enxoval (5,58%), vestuário (5,44%), presentes (4,60%), cine/foto (4,41%), móveis (4,00%), calçados (2,25%), ótica (1,80%) e eletrodomésticos (1,35%).
Emprego
Com relação ao emprego, a pesquisa apurou um crescimento muito tímido de 0,07%, que pode ser considerado como estabilidade no número de postos de trabalho do comércio. Entre as empresas entrevistadas, 93,7% declararam ter mantido o número de empregados em maio, enquanto 4,2% demitiram e 2,1% contrataram no período.
Porém, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o desempenho do comércio foi desanimador em maio, com 2.272 admissões e 2.295 demissões, déficit de 23 vagas. Somando os cinco primeiros meses do ano, o saldo é de apenas dois empregos formais, com 11.564 contratações e 11.562 dispensas. Em doze meses, os lojistas contrataram 26.922 pessoas e demitiram 25.870, saldo de 1.052.
Entre os setores, móveis apresentou aumento médio no número de postos de trabalho de 4,00%, enquanto presentes e vestuário tiveram quedas respectivas de 2,00% e 1,39% nos quadros funcionais durante o mês de maio. Segundo Rodrigues, maio contava com expectativas altas por conta do Dia das Mães, considerada a segunda melhor data em vendas para o varejo em geral.
Análise do Sincovarp
“Infelizmente o clima de desesperança e apatia tomou conta do consumidor que terminou o mês apenas pensando se teria gasolina para trabalhar no dia seguinte. A paralisação fugiu do controle e expôs a grande dependência que o país tem em relação ao transporte rodoviário de cargas. Sem caminhões o país parou e as filas nos postos de combustíveis ficaram enormes”, diz o economista Marcelo Bosi Rodrigues, responsável pelo estudo do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp).
“Vivemos uma semana de tensão e incertezas, sentimentos que minam a economia e levam os consumidores a segurarem suas decisões de compras interrompendo ainda mais uma economia que vinha se recuperando a passos de formiga”, comenta o economista do Sincovarp.
“O resultado do prejuízo geral ainda está sendo calculado por cada setor, na minha avaliação, o principal reflexo é a redução ainda mais acentuada das expectativas dos agentes econômicos, o que contribui com o “engessamento” da economia”, observa Rodrigues. Para o economista, está muito difícil fazer qualquer previsão para o futuro, ainda mais com uma Copa do Mundo acontecendo e com eleições federais e estaduais pela frente.
O câmbio segue pressionado para cima, mas a inflação continua abaixo do centro da meta, mesmo com o aumento dos preços do frete e dos combustíveis, isso permite que o Banco Central mantenha os juros em um dos menores patamares da história, mas o efeito dessa variável sobre a economia real não é sentido. Enfim, o cenário pela frente ainda é de muita indefinição e, novamente, indefinição não é bom para a economia. Só nos resta esperar, mas de verdade, não se sabe nem mesmo pelo que se deve torcer”, finaliza.