As vendas do comércio varejista de Ribeirão Preto recuaram 1% em novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o tombo foi de 2,7%. Foi a segunda queda seguida. Já havia recuado 3,5% em outubro, interrompendo uma série de duas altas consecutivas. O varejo já vinha demonstrando sinais de enfraquecimento: cresceu apenas 0,5% em setembro e agosto e 1,5% em julho, após três retrações seguidas.
Nem a Black Friday uma das melhores datas sazonais do setor, conseguiu segurar a queda nas vendas em Ribeirão Preto. O levantamento é do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV). O comércio registrou crescimento médio de 0,72% no acumulado do ano passado, em comparação com 2022.
Os negócios dispararam 7,3% em janeiro, desaceleraram a 3,1% em fevereiro, encerraram março com alta tímida de 1,5% e emplacaram a primeira queda do ano em abril, de 2%. Depois recuaram 3,5% em maio e fecharam junho no vermelho, com déficit de 1%. O CPV é mantido por Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão e Região (Sincovarp) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP)
“Trata-se de uma pequena variação negativa apontando para uma estabilidade. Embora as vendas de novembro de 2024 tenham ‘caído menos’, não foi tão distante ao de 2023 quando a queda média das vendas foi de 2,7% em comparação a 2022”, analisa Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV.
Ainda segundo Galli, por mais que os comerciantes tenham trabalhado suas promoções de Black Friday ao longo de todo o mês de novembro, a maioria dos consumidores pesquisou antes, para verificar como estavam as ofertas, para comprar apenas depois de receber a primeira parcela do décimo terceiro salário.
“Isso explica por que o PIX tem se destacado como principal modalidade de pagamento no comércio. Como é dinheiro que entra direto na conta da loja, o consumidor consegue negociar descontos ainda maiores sobrando um pouco mais no bolso para saldar outros compromissos. O pico de vendas da temporada Black Friday 2024 foi mesmo na sexta, dia 29, e, mesmo assim, não foi suficiente para garantir variação positiva em novembro. Os consumidores continuaram cautelosos”, explica.
Empregabilidade – Em novembro de 2024, a variação entre vagas de emprego abertas e fechadas, no Comércio Varejista de Ribeirão Preto, apresentou estabilidade após queda de -0,5% em outubro. “Foi uma levíssima recuperação. Os lojistas, principalmente os das regiões impactadas pelas obras de corredores de ônibus e galerias pluviais, contrataram menos temporários ou adiaram, ao máximo, novas contratações para esse fim de ano”, diz.
“Muitos só abriram vagas já no começo de dezembro, visando o horário especial de funcionamento que vai até 24 de dezebro/12. Esse comportamento ficou nítido nos mutirões de emprego que realizamos entre outubro e dezembro”, cita o pesquisador.
Índice de confiança – Considerando uma escala de 1 a 5 pontos, em que 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista”, o Índice de Confiança Sincovarp/CDL RP de curto prazo (olhando para os três meses seguintes) registrou, em novembro, média de 2,1 pontos (ante 3,3 pontos da média de outubro).
Foi classificado como pessimista. No índice de longo prazo (que olha para os doze meses seguintes), registrou, em novembro, média de 2,5 pontos (ante 3,3 pontos da média de outubro), de pessimista para regular. “Essa queda de confiança se deu muito porque, conforme o final do ano foi se aproximando, os empreendedores não vislumbraram melhora significativa do cenário em relação ao forte impacto das obras de corredores de ônibus e de galerias pluviais”
Galli lembra, ainda, que em termos macroeconômicos a variação negativa nas vendas de novembro coincide com um cenário de crescimento da inflação, elevação da taxa de juros (Selic) e forte alta do dólar, fatores que encarecem o crédito e enfraquecem o poder de compra do consumidor.
Além disso, continuam altos os níveis de endividamento das famílias e de inadimplência. “Normalmente o desempenho de novembro serve de termômetro para as vendas de dezembro e começo de 2025. Resta saber se o período de Natal será suficiente para que o comércio varejista local pelo menos termine 2024 no ‘zero a zero’”, finaliza.