As vendas do comércio varejista de Ribeirão Preto cresceram 6,54% no acumulado do ano passado, ante alta de apenas 0,72% em 2023 e ganho de 5,01% em 2022, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 23 de janeiro, pelo Centro de Pesquisa do Varejo (CPV).
O CPV é mantido por Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão e Região (Sincovarp) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP). No primeiro trimestre de 2024, o desempenho de vendas foi positivo, porém, decrescente: janeiro (+7,3%), fevereiro (+3,1%) e março (+1,5%).
Tal resultado ocorreu principalmente devido à queima de estoques de Natal, compra de materiais escolares, férias, carnaval e à Semana do Consumidor. No segundo trimestre, o viés de queda se confirmou. Vieram as primeiras variações negativas do ano: abril (-2%), maio (-3,5%) e junho (-1%).
“O consumidor ribeirão-pretano, que já tinha gastado um pouco mais no primeiro trimestre, ficou cauteloso nos meses seguintes. Agrishow, Dia das Mães e Dia dos Namorados não foram suficientes para evitar o recuo”, diz Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV.
“Nesse mesmo período, o cenário macroeconômico começou a se complicar os impactos dos corredores de ônibus (e suas obras de implantação) agravaram a situação do setor lojista. Atingiram importantes eixos varejistas da cidade, como o Centro e avenidas Dom Pedro I (Ipiranga), Saudade (campos Elíseos) e Nove de Julho (Centro/Sumaré), entre outros”, explica
No terceiro trimestre, férias escolares, Dia dos Pais e Semana do Cliente, trouxeram pequeno fôlego: julho (+1,5%), agosto (+0,5%) e setembro (+0,5%). Ainda assim, as severas restrições de estacionamento e transtornos gerados pelo Programa Ribeirão Mobilidade continuaram impactando.
Já no quarto trimestre, o consumidor voltou a “pisar no freio”’ até chegar no período de Natal: outubro (-3%), novembro (-1,5%) e dezembro (+4%). Economizou no Dia da Criança, comprou menos na Black Friday e deixou para investir um pouco mais nas compras natalinas.
O pico de vendas foi entre os dias 20 e 24 de dezembro devido ao pagamento da segunda parcela do décimo terceiro salário. “Mesmo com o crescimento da inflação (IPCA fechou o ano em 4,83%), da taxa de juros (12,25%) e do dólar (na casa de R$ 6,00), dezembro foi aquecido e isso contribuiu decisivamente para o resultado positivo no acumulado de 2024”, diz o pesquisador.
Empregabilidade – No ano passado a variação entre vagas abertas e fechadas no comércio varejista ribeirão-pretano ficou levemente negativa em -0,44%, na comparação com 2023. “Muitos lojistas reduziram os quadros de colaboradores para enfrentar a queda de movimento, vendas e de faturamento nos eixos varejistas impactados pelo Ribeirão Mobilidade. Aa maioria dos empreendedores evitou novas contratações”, afirma Galli.
Índice de Confiança – Considerando uma escala de 1 a 5 pontos, em que 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista”, o Índice Sincovarp/CDL RP de Confiança do Varejo de curto prazo (considerando os três meses seguintes) registrou média de 3,2 pontos, em 2024, classificado como de regular à positivo.
Repetiu 2023. O índice de longo prazo (considerando os doze meses seguintes), também registrou média de 3,2 pontos, também classificado como de regular à positivo. No entanto, ficou abaixo do patamar de 2023 quando a média, nessa categoria, foi de 3,5 pontos.
Análise e projeções – “Olhando para o todo, o ano de 2024 foi melhor que 2023 em termos de vendas no comércio varejista de Ribeirão Preto e o fato da cidade ser um polo regional de consumo ajudou muito. Mas, quando observamos os detalhes, foi um ano muito difícil, ainda mais para os estabelecimentos prejudicados pelos corredores de ônibus e as obras”, diz Galli.
“A maioria perdeu clientes que mudaram hábitos de compra e evitaram ir a esses locais. Agora terão o grande desafio de recuperar esses consumidores. Resumindo: o ano que passou foi um grande jogo de futebol no campo do adversário, vencido com um gol suado, aos 49 minutos do segundo tempo, em um gramado esburacado e com o árbitro ajudando o time da casa”, finaliza Diego Galli Alberto.