Nem o Natal ajudou e o varejo de Ribeirão Preto voltou a registrar queda nas vendas. O balanço do mês passado indica recuo de 0,60% em comparação com o mesmo período de 2017. O resultado de dezembro foi o décimo negativo de 2018, cujo balanço geral deve ser divulgado na próxima semana. O comércio ribeirão-pretano havia interrompido a série de déficits com leve recuperação de 0,79% em agosto, depois de seis meses no “vermelho”.
Até então, os lojistas só haviam obtido saldo positivo em janeiro, com aumento de 1,36%. Em setembro houve retração de 0,39%. Neste ano, em Ribeirão Preto, houve recuo de 2,9% em julho e junho fechou em queda de 1,95%. Fevereiro terminou com baixa de 2,36%, assim como março, com 1,99%, e abril, de 2,59%. Em maio, porém, caiu 3,99%. Foi um dos mais relevantes resultados negativos dos últimos anos, reflexo da greve dos caminhoneiros que parou o País.
Em novembro houve queda de 3,12%, o terceiro pior do ano, atrás do de maio, com retração de 3,99%, e do de outubro, de 3,19%. As vendas do setor subiram 0,38% em dezembro de 2017 – o Natal ajudou a interromper uma sequência de três meses seguidos no “vermelho”, mas o carnaval interrompeu a boa fase. Os dados divulgados são da Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp).
No início deste ano, o presidente do Sincovarp, Paulo Cesar Garcia Lopes, informou ao Tribuna que o Índice Cielo confirmou a expectativa de vendas para o período de Natal, divulgada anteriormente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), apontando crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2017. Na região de Ribeirão Preto, foram comercializados R$ 4 bilhões em 43 municípios.
“As vendas cresceram mais de R$ 250 milhões no período natalino em 2018”, afirmou Lopes. Segundo ele, existem na região 15 mil estabelecimentos varejistas na base do Sincovarp, sendo oito mil deles em Ribeirão Preto, o equivalente a 53% do número total. Outro dado é o de que o tíquete médio nas vendas natalinas foi de R$ 88 no comércio de rua e de R$ 110 nos shopping centers, de acordo com dados fornecidos pelo Índice Cielo. A Associação Comercial e Industrial (Acirp) também estava otimista e anunciou estimativa de aporte de R$ 770 milhões no Natal somente na metrópole.
O levantamento considerou o vencimento mensal dos trabalhadores com carteira assinada, aposentadorias e pensões e o décimo terceiro salário de todos, já descontado o imposto de renda. São R$ 601 milhões das 223,3 mil pessoas que formam a população economicamente ativa da cidade e mais R$ 169 milhões dos 108,8 mil beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Entre os empresários entrevistados, 56,2% afirmam que as vendas de dezembro de 2018 foram piores do que no mesmo período de 2017, enquanto 37,5% dizem o contrário e 6,3% consideram os dois períodos equivalentes. Seis dos nove setores pesquisados fecharam o mês no “vermelho” e o pior resultado foi registrado no de livraria/ papelaria (-4,18%), seguido por vestuário (-3,08%), tecidos/enxoval (-2,96%), ótica (-2,30%), eletrodomésticos (-1,07%) e cine/foto (-0,13%). As vendas cresceram em móveis (3,71%), calçados (3,60%) e presentes (0,96%).
Empregos
A geração de empregos no setor ficou estável, com leve alta de 0,01%. Entre as empresas pesquisadas, 95,8% mantiveram seus quadros funcionais, enquanto 2,1% declararam ter contratado e o mesmo percentual (2,1%) demitiu no período. A modalidade de pagamento mais utilizada foi o cartão de crédito (51,62% das vendas). As vendas à vista cresceram e chegaram a 37,90% das transações. As negociações a prazo, com cheques pré-datados ou carnês, representaram 10,48%.
Análise
“Não há como negar o fato de que este resultado deixa o comércio de Ribeirão Preto bastante fragilizado. Dezembro é o mês mais importante para o segmento e qualquer queda, por menor que seja, traz prejuízo. Alivia um pouco o fato de que elas não foram generalizadas, ou seja, para alguns setores o Natal trouxe aumento, mas isto ainda é muito pouco”, observa Marcelo Bosi Rodrigues, economista do Sincovarp, responsável pelo estudo. Segundo o economista, de maneira geral, a economia formal do país está enfrentando grande dificuldade em retomar o crescimento e isso se deve principalmente à grande instabilidade ainda presente no cenário político.