Tribuna Ribeirão
Economia

Venda direta de etanol a postos

A venda direta de etanol, dos produtores aos postos de combustíveis, pode ser permi­tida em breve e levantou mais uma discussão sobre o setor de combustíveis. O Senado apro­vou na terça-feira (19) o pro­jeto de decreto legislativo que trata da medida. Agora, o texto será encaminhado para vota­ção na Câmara dos Deputados.

Atualmente, essa venda di­reta é proibida por resolução de 2009, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio­combustíveis (ANP). Apenas distribuidores autorizados e fornecedores cadastrados na agência podem comercializar etanol combustível. O projeto modifica esse artigo e permite a venda direta. Segundo a pro­posta, o objetivo é aumentar a concorrência no mercado de combustíveis e, assim, baixar o preço para o consumidor.

A medida é defendida pela Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), que representa produtores e for­necedores independentes de cana-de-açucar em 13 estados. Para a federação, a venda direta melhora a formação de preços ao consumidor, já que exclui as margens de lucro das distri­buidoras. Além disso, para a Feplana, não seria uma obriga­toriedade, mas uma possibili­dade de negócio a mais para os produtores avaliarem.

“Temos que modernizar a comercialização do etanol, não pode ser como se comer­cializa a gasolina. São poucas destilarias de gasolina, então comercializar por meio de dis­tribuidoras facilita a logística e distribuição. No caso do etanol, temos 400 unidades industriais pelo país e ele pode ser vendido regionalmente”, diz o diretor da Feplana, José Ricardo Severo. Para ele, a venda direta de eta­nol pode, inclusive, pressionar para uma redução nos preços da gasolina, por exemplo, ao dificultar a formação de cartéis.

Em meio a paralisação de caminhoneiros autônomos, no último mês, que afetou o abastecimento em várias par­tes do país, o Conselho Ad­ministrativo de Defesa Eco­nômica (Cade) divulgou um estudo com nove propostas para aumentar a concorrên­cia no setor de combustíveis como forma de reduzir os preços ao consumidor. Uma das sugestões é permitir que produtores de álcool vendam diretamente aos postos.

Contrários à venda direta
Em nota, a Plural, associa­ção de distribuidores de com­bustíveis, afirmou que o pro­jeto aprovado no Senado não leva em conta as complexida­des que envolvem o setor. “Na realidade, o preço final ficará mais caro, a garantia de quali­dade mais difícil e a arrecada­ção por parte do estado mais vulnerável. Não à toa, além da Plural, as outras duas princi­pais entidades que representam o setor de etanol são contra a proposta: a Unica [União da Indústria de Cana-de-Açúcar], dos produtores, e a Fecombus­tíveis [Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes], dos postos revendedores”, diz a nota.

Para a entidade, as usi­nas produtoras não possuem logística necessária, que en­volve sistemas de dutos, fer­rovias e bitrens, para chegar aos mais de 40 mil postos espalhados pelo Brasil. “A complexa malha em funcio­namento atualmente só foi possível ao longo de anos de investimento e desenvolvi­mento sob uma sólida regu­lação que define claramente os papéis e responsabilidades de cada agente da cadeia de suprimentos”, acrescenta. A Unica também é contra a co­mercialização direta de eta­nol combustível pelos produ­tores aos postos porque vai dificultar a implementação da Política Nacional de Bio­combustíveis, o RenovaBio.

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