A desaceleração da economia e as medidas de isolamento para controle da disseminação do novo coronavírus já repercutem sobre as vendas de etanol. As unidades produtoras da região Centro-Sul comercializaram 799,03 milhões de litros nos primeiros quinze dias de abril. Desse total, as vendas de álcool hidratado ao mercado interno somaram 560,48 milhões de litros, expressiva queda de 35,77% frente a mesma quinzena de 2019.
Em relação ao etanol anidro, foram 201,20 milhões de litros comercializados domesticamente, contra 302,91 milhões de litros no ano anterior. A queda drástica da demanda por combustíveis, as retrações nas cotações do petróleo e o recuo nos preços do açúcar já impactam o faturamento setorial. Na primeira quinzena de abril, a receita com a venda de etanol caiu quase 50% na comparação com os valores registrados no mesmo período de 2019.
“O anúncio de medidas emergenciais é absolutamente urgente e necessário para reduzirmos o risco de colapso das atividades do setor”, ressalta Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). “É a manutenção de toda uma cadeia produtiva e de seus milhares de empregos que estão em jogo”, completou o executivo. Contrastando com a queda nas vendas, a moagem alcançou 22,38 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nos quinze primeiros dias do mês.
É o segundo maior índice histórico para o período, menor apenas quando comparada às 32,94 milhões de toneladas apuradas nessa mesma quinzena da temporada 2016/2017. No comparativo quinzenal com o resultado observado em 2019 (13,90 milhões de toneladas), houve um crescimento de quase 8,5 milhões de toneladas. Até 16 de abril, 178 unidades produtoras já estavam em operação no Centro-Sul (destas, seis produzindo etanol de milho). Nessa mesma data do último ano eram 157.
A expectativa é de que outras 32 unidades iniciem a safra na segunda metade de abril e outras 29 comecem a operar em maio. “Cabe lembrar, porém, que 20 unidades postergaram o início de suas atividades para quinzenas subsequentes devido ao cenário atual, incerto e preocupante”, lembra Rodrigues. “Esse resultado mostra o esforço do setor sucroenergético em iniciar a safra, a despeito de todas as dificuldades decorrentes da pandemia do novo coronavírus e da disputa entre os produtores de petróleo”, declara Rodrigues.
As produções de açúcar e de etanol aumentaram nesse início de safra. Nos primeiros 15 dias de abril, o volume fabricado do biocombustível somou 981,86 milhões de litros (180,14 milhões de litros de etanol anidro e 801,72 milhões de litros de etanol hidratado), alta de 32,70% em relação a mesma quinzena de 2019. O volume inclui a fabricação de etanol a partir do milho, que totalizou 86,30 milhões de litros até 16 de abril, ante 49,07 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2019/2020 – alta de 75,87%.
No caso do açúcar, a produção atingiu 948,50 milhões de toneladas, mais do que o dobro verificado na safra passada (340,10 milhões de toneladas). Com isso, o percentual de cana-de-açúcar destinada à fabricação da commodity saltou de 23,49% em 2019 para 39,69% na primeira metade de abril do ano corrente. “Esse comportamento do mix favorável ao açúcar era esperado, em vista dos baixos preços praticados para o biocombustível”.