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Venda de cerol dará cassação de alvará

A Câmara de Ribeirão Preto aprovou, na sessão desta quinta­-feira, 9 de fevereiro, projeto de lei que propõe a cassação do alvará de funcionamento dos estabe­lecimentos que forem flagrados vendendo linha chilena ou com cerol. No estado de São Paulo, de acordo com a lei número 12.192, de 2006, é crime comercializar este tipo de produto.

A proposta foi aprovada por unanimidade – 21 votos favoráveis, apenas o presiden­te Franco Ferro (PRTB) não votou. De autoria do vereador Lincoln Fernandes (PDT), o projeto foi protocolado em 30 de janeiro, um dia após a mor­te do motociclista José Ivanildo Correa, de 43 anos, na avenida Eduardo Andrea Matarazzo, a Via Norte. O corpo foi encon­trado no dia 29, um domingo, caído num matagal ao lado da pista Bairro-Centro. Ele ia al­moçar na casa da mãe.

A Polícia Militar foi aciona­da e constatou que a vítima foi atingida no pescoço por uma linha de pipa com cerol. Segun­do informações da PM, ao ser atingido, o homem caiu com a moto e só foi parar cerca de 100 metros à frente. O pescoço esta­va com corte profundo e apenas a coluna cervical evitou que a cabeça fosse decepada. Ao lado do corpo, havia muitos pedaços de linha com cerol. Nenhum suspeito de causar o acidente foi identificado.

Por conduzirem eletricidade, em contato com a rede elétrica, esse tipo de produto aumenta o risco de choques. Por conta do seu poder cortante, essas linhas podem romper os cabos da rede e provocar curtos-circuitos, além de colocar em risco a vida de ciclistas e motociclistas.

É considerado cerol a mis­tura de pó de vidro ou qualquer material análogo cuja adição de cola de madeira ou outra subs­tância glutinosa resulte na po­tencial lesividade, se passada na linha de pipa ou papagaio, tor­nando-a aguda ou cortante. Já a linha chilena é a mistura de pó de aço ou material análogo com adição de cola passada na linha de pipa ou papagaio, tornando-a aguda ou cortante.

Pelo projeto, os estabeleci­mentos comerciais serão alvo de um procedimento adminis­trativo e após a sua tramitação pelo poder municipal, se for constatado que houve infração prevista na nova lei, eles terão o alvará cassado. Durante o tempo em que o proprietário apresen­tar sua defesa, o estabelecimento permanecerá fechado.

De acordo com Lincoln Fer­nandes, a lei tem o objetivo de cessar a venda indiscriminada de linhas chilenas ou com cerol em Ribeirão Preto. Ele afirma que existem legislações vigentes na cidade, porém, sem efetivida­de, uma vez que os vendedores saem impunemente, enquanto vidas são perdidas ou pessoas ficam seriamente feridas.

Desde 2017, uma lei munici­pal de autoria do então vereador Luciano Mega (na época filiado ao PDT) proíbe a comercializa­ção, o armazenamento, o trans­porte, a distribuição e o manu­seio de cerol, linhas chilenas e similares. Os infratores da lei, além de terem os produtos apre­endidos, estão sujeitos a multa de 150 Unidades Fiscais do Esta­do de São Paulo (Ufesp).

Em caso de reincidência, a multa é dobrada. Este ano o valor da Ufesp é de R$ 34,26, o que re­sulta em multa inicial de R$ 5.139 e, em caso de reincidência, de R$ 10.278. A lei estadual que proíbe a comercialização de linhas com cerol ou chilena prevê multa de 50 Ufesps para o usuário. O valor atual é de R$ 1.713. Para os esta­belecimentos que negociam os produtos, a autuação chega a cin­co mil unidades fiscais, o equiva­lente a R$ 171.300.

Com o relaxamento das me­didas restritivas mais severas, em função da pandemia, e a re­tomada das atividades, cresceu não só o número de crianças e adolescentes brincando nas ruas, mas o de ocorrências cau­sadas por pipas na rede elétrica.

Levantamento realizado pela CPFL Energia em suas quatro distribuidoras (CPFL Paulista, CPFL Piratininga, CPFL Santa Cruz e RGE) aponta que o ano passado apresentou número re­corde de ocorrências causadas por pipas na rede elétrica.

Em Ribeirão Preto, cidade atendida pela CPFL Paulista, a quantidade de ocorrências sal­tou de 441 em 2021 para 547 no ano passado, 106 a mais e alta de 24%. A média em 2022 foi de um caso a cada 16 ho­ras. A concessionária Paulista atende cerca de 325 mil consu­midores ribeirão-pretanos.

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