Mário Palumbo *
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Aos 80, 90 anos, carregando uma cruz de sofrimentos pelos problemas, onde tudo fica difícil e doloroso pelo achaco do tempo: mãos e pernas trêmulas e doídas, equilíbrio balançando, dores no corpo, memoria enfraquecida… Mesmo no conforto da família que nos cobre de atenção e cuidado, a tentação de pedir a Deus que nos leve para Si nos assalta. E que dizer quando se torna peso para os filhos e família? E as pessoas solitárias, ou que vivem em situação de rua, sem nenhum conforto?
Em suas dores, Francisco oferece ao mundo um exemplo magnífico de resiliência. No perigo iminente da morte, quando até os médicos em lágrimas perdem a esperança de salvar o Pontífice, ele exclama “é ruim!” e pede para os médicos continuarem a lutar em favor da vida. O Papa reluta para ir na casa do Pai eterno?
Ele que dedicou a vida inteira para que todos acreditassem na vida eterna, no Pai do Céu que nos prepara uma vida plena, sem dor nem choro, onde a felicidade não terá fim. Perdeu a fé? Não! O Pontífice insiste em viver e nos encoraja a carregar a cruz até o limite possível para enfrentar o desafio desta vida terrestre e cumprir em tudo a vontade do Pai para difundir o amor à vida e a todos que nos rodeiam.
São Paulo, apesar de acorrentado no fundo de uma prisão tenebrosa, exclamava “para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro, entretanto, se continuo vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. Então já não sei o que escolher! ”.
Enquanto vivemos, nossa obrigação é lutar pela vida, para difundir coragem e o Reino do amor de Jesus até que o Pai nos chame para o repouso eterno. Francisco, com saúde, nos brindou com palavras e gestos para abertura de diálogo com todas as pessoas e para a preservação da vida e até da vida das florestas.
Agora em situação de extrema fragilidade, frente à iminência do perigo da morte, nos dá uma lição fundamental de amor à vida ao dizer sempre sim para ela. Cristo no Getsémani sofre o terror da morte, seu suor é de sangue a gotejar na terra, implora para o Pai para libertá-lo da morte, mas vence a confiança no Pai, o sim para Ele, para a vida!
* Professor