Tribuna Ribeirão
Economia

Varejo vai ‘lucrar’ menos com auxílio

© Marcello Casal JrAgência Brasil

A reedição do auxílio emer­gencial ajudará menos as ven­das do comércio varejista em 2021. Dos R$ 44,86 bilhões previstos para serem liberados à população mais vulnerável este ano, R$ 12,75 bilhões serão gastos pelas famílias no varejo, calcula a Confederação Nacio­nal do Comércio de Bens, Ser­viços e Turismo (CNC).

No ano passado, os va­lores disponibilizados pelo governo para pagamento do auxílio somaram R$ 322 bi­lhões, sendo que R$ 103,8 bilhões foram gastos no co­mércio varejista. “Ou seja, o impacto mensal sobre o vare­jo em 2021, embora positivo, deverá ser cerca de oito ve­zes menor do que em 2020”, ressalta o economista Fabio Bentes no relatório da CNC.

O levantamento da CNC considera que 9% dos re­cursos disponibilizados pelo governo não sejam sacados este ano, assim como no ano passado. A população também destinará uma fatia menor dos recursos recebi­dos para a aquisição de bens.

No ano passado, 35,4% dos recursos sacados chegaram ao varejo, enquanto o restante foi destinado ao consumo de serviços, pagamento de dívi­das ou poupança. Em 2021, a previsão da entidade é que as famílias destinem 31,2% dos recursos sacados para o consu­mo no comércio varejista, so­brando mais economias para pagamento de dívidas e pou­pança, por exemplo.

“Estatísticas do Banco Cen­tral mostram que o compro­metimento da renda das famí­lias, que já se situava em nível recorde em dezembro de 2020 (28,4% da renda das famílias), aumentou ao longo do primei­ro trimestre de 2021, período no qual o auxílio não estava mais disponível para a popula­ção”, diz o economista.

“A CNC estima que essa proporção tenha atingi­do 30,3% da renda familiar em março de 2021. Assim, a tendência é que, mesmo proporcionalmente, mais re­cursos tenham outra desti­nação que não o consumo de bens”, justifica Fabio Bentes.

O novo benefício, de acor­do com a Medida Provisória 1.039, tem valor médio de R$ 250, pago em quatro parcelas mensais. Serão 45,6 milhões de famílias contempladas, em um investimento de aproxi­madamente R$ 44,8 bilhões do Orçamento da União.

Deste total, R$ 23,4 bilhões serão destinados ao públi­co já inscrito em plataformas digitais da Caixa Econômica Federal (28.624.776 benefici­ários), R$ 6,5 bilhões para in­tegrantes do Cadastro Único (6.301.073 beneficiários) e mais R$ 12,7 bilhões para atendidos pelo Programa Bolsa Família (10.697.777 beneficiários).

O novo auxílio será pago somente a famílias com ren­da per capita de até meio salário mínimo (R$ 550) e renda mensal total de até três salários mínimos (R$ 3.300). Para o público do Bolsa Fa­mília, segue valendo a regra quanto ao valor mais vantajo­so a ser recebido entre o pro­grama assistencial e o auxílio emergencial 2021.

Os integrantes do Bolsa Família receberão o benefício com maior parcela (R$ 375). A primeira fase de pagamen­tos do auxílio chegou a R$ 294 bilhões para cerca de 67,9 milhões de pessoas, em duas rodadas: na primeira, foram pagas parcelas de R$ 600 por cinco meses.

Na segunda parcela do auxílio, chamada de “auxílio residual”, foram parcelas de R$ 300 durante quatro meses e com um público-alvo me­nor. Os cidadãos podem veri­ficar se têm direito através do endereço auxilio.caixa.gov.br ou central 111.

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