Sem o auxílio emergencial do governo federal, que se encerrou em dezembro, o varejo paulista vai deixar de faturar, em média, cerca de R$ 4,1 bilhões por mês neste ano, mostra um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em outras palavras, o setor vai registrar uma retração de 2,6% nas vendas médias em 2021 em comparação ao ano passado.
O pagamento do auxílio emergencial injetou R$ 565,7 milhões em Ribeirão Preto, desde o início da pandemia de coronavírus e até 21 de dezembro, segundo dados do Portal da Transparência do Ministério da Cidadania. Na cidade, 172.400 pessoas foram beneficiadas.
O número representa 24,2% da população de Ribeirão Preto, estimada em 711.825, segundo atualização do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada no final de agosto do ano passado. São 13,2 mil beneficiários do Bolsa Família (R$ 57,2 milhões).
Outros 12,3 mil estão inscritos no CadÚnico (R$ 40,6 milhões) e cerca de 146,7 mil se cadastraram pelo aplicativo Caixa Tem, da Caixa Econômica Federal (R$ 467,8 milhões), ou conseguiram decisões judiciais favoráveis ao pagamento.
O impacto negativo se explica pelo fato de as famílias paulistas que receberam o benefício terem destinado 65,7% dessa renda para consumirem bens e produtos do varejo, fazendo com que essa soma chegasse a R$ 32,4 bilhões no varejo ao final de 2020.
Pelos dados, o faturamento total do varejo paulista em 2020 foi de R$ 779,9 bilhões, com média mensal de R$ 65 bilhões – um aumento de 1,6% em relação a 2019. Este ano, porém, já sem o auxílio, a previsão é que o setor fature R$ 747,5 bilhões, com média mensal de R$ 60,9 bilhões, isto é, uma queda de 2,6% em comparação ao ano passado.
O cenário é ainda pior considerando o varejo brasileiro: neste, o fim do auxílio emergencial vai representar uma retração de 11,7% em comparação com 2020, quando o faturamento do setor ficou em R$ 2,06 trilhões (média de R$ 172,2 bilhões por mês). Para este ano, a expectativa é que os varejistas do país faturem R$ 1,87 trilhões, com uma média de R$ 147,8 bilhões por mês.
Isso porque, no caso do País, as parcelas de R$ 600 e depois R$ 300 pagas pelo governo federal às famílias mais pobres injetaram R$ 196,4 bilhões no varejo. Em outras palavras, de tudo o que foi distribuído pelo auxílio, 68,3% foi destinado ao consumo varejista.
Apesar do faturamento não ter ficado abaixo em comparação com 2019, as medidas adotadas em meio à pandemia impactaram significativamente a estrutura do varejo do Estado de São Paulo, que perdeu cerca de 60 mil empresas ao longo do ano passado, aponta a FecomercioSP.
Em um contexto de normalidade, o setor teria, hoje, 410 mil empresas, mas fechou o ano passado na marca de 350 mil – uma redução de 14%. O número representa, principalmente, aumento do desemprego no Estado: com menos agentes no mercado, o volume de pessoal ocupado caiu cerca de 16%, indo de 2,5 milhões de postos ativos de trabalho para 2,1 milhões.
Em todo o país, o contingente de pessoas trabalhando diminuiu em 1 milhão ao longo de 2020 – de 8,7 milhões de pessoas para 7,7 milhões –, resultado do fechamento de cerca de 200 mil empresas durante o ano passado. Hoje, o setor registra cerca de 1,1 milhão de organizações operando no Brasil.
Para a federação, parte dos impactos negativos sobre a estrutura varejista se explicam pelas ações adotadas para controlar a pandemia de covid-19, como as restrições de circulação de pessoas e o fechamento de lojas físicas durante a primeira metade do ano. A FecomércioSP representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de dez milhões de empregos.