Tribuna Ribeirão
Artigos

Vanguardas abstratas geométricas e racionalistas (I)

O que é arte abstrata? Uma forma de arte, especialmente nas artes visuais, que: não repre­senta objetos próprios da nossa realidade concreta exterior e usa as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira “não represen­tacional”. Surge a partir das experiências das vanguardas que recusam a herança renascentis­ta das academias de arte, ou seja, a estética grego-romana, também referindo-se especifica­mente à arte produzida no início do século XX por determinados movimentos e escolas que genericamente encaixam-se na arte moderna.

No início do século XX, antes que os artistas atingissem a abstração absoluta, o termo abstra­cionismo também foi usado para se referir a escolas como o cubismo e o futurismo que, ainda que fossem representativas e figurativas, buscavam sintetizar os elementos da realidade natu­ral, resultando em obras que fugiam à simples imitação daquilo que era “concreto”.

O abstracionismo divide-se em duas tendências: no Abstracionismo lírico (tendo como um de seus representantes o artista russo Kandinsky, professor da Bauhaus, escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguar­da que funcionou entre 1919 e 1923 na Alemanha, uma das maio­res, e mais importantes, expressões do que é chamado Modernismo no design e na arquitetura, primeira escola de design do mundo) e no Abstracionismo geométrico que, ao contrário do abstracionismo lírico, foca-se na racionalização que depende da análise intelectual e científica e, influenciado que foi pelo cubismo e pelo futurismo, que divide-se em duas correntes, a saber, o Suprematismo na Rússia e o Neoplasticismo na Holanda.

O Abstracionismo lírico, inspirado no instinto, no inconsciente e na intuição para cons­truir uma arte imaginária ligada a uma “necessidade interior“, foi influenciado pelo expres­sionismo, mais propriamente pelo Der Blaue Reiter (“O cavaleiro azul“), grupo de artistas de inspiração expressionista, formado em 1911, em Munique, que existiu até o início da Pri­meira Guerra Mundial, em 1914,tendo com um de seus membros o artista russo Kandinsky, introdutor da abstração no campo das artes visuais na Rússia. Nele, as formas e as cores vibrantes não eram muito patentes, mas a linha de contorno sobressaía nesta arte que era muito figurativa e considerada uma reação às grandes revoluções do século.

Acerca das outras artes com que estas orientações artísticas estabeleceram relação, é possível citarmos sua expressão por meio de música e poesia. Kandinsky, além do exercício artístico da pintura, escreveu poemas abstratos, que faziam referência a cores e linhas perce­bidas. Entretanto, vanguardista, seus poemas diferem dos “ismos” em literatura e de outros poetas vanguardistas, como Picasso, que tendiam a aderir, na escrita, a alguma vanguarda poética conhecida, como, por exemplo, o Surrealismo. O abstracionismo lírico buscava, por­tanto, igualar/superar a música, transformando manchas de cor e linhas em ideias e simbo­lismos subjetivos. Exemplo disso encontra-se em sua obra Fuga, um óleo de 1914.

O Suprematismo foi um movimento artístico russo, centrado em formas geométricas básicas – particularmente o quadrado e o círculo – e tido como a primeira escola sistemática de pintura abstrata do movimento moderno. Iniciado por volta de 1915, pelo pintor Kazimir Malevich, preocupava-se com o homem e a relação deste com o cosmos. De origem humil­de, oposta à sofisticação e educação cosmopolita de Kandinsky. Mesmo sem nenhum contato em vida, ambos tinham, nas ideias, muito em comum. Dentre suas caracterísitcas, temos as pesquisas formais levadas a cabo pelas vanguardas russas do começo do século XX, a saber, o Raionismo (ou Raísmo, síntese de cubismo, futurismo e orfismo), que tratavam da prolife­ração de novas formas artísticas em pintura, poesia e teatro, bem como, do renovado inte­resse pela tradição da arte folclórica russa e do ambiente de grande efervescência ideológica e artística pré-revolucionária em que Malevich vai defender uma arte livre de finalidades práticas e comprometida com a pura visualidade plástica.

Postagens relacionadas

Do fio do bigode para as fake news

Redação 5

Natal da Sinodalidade! 

Redação 2

Viva Aracy de Almeida

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com