A Secretaria de Estado da Saúde e os 645 municípios paulistas decidiram adiar a campanha de vacinação contra a raiva para cães e gatos de 2020, como forma de prevenção à propagação da covid-19. A medida foi discutida entre a pasta e as cidades na chamada Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e segue recomendações do Ministério da Saúde, que prevê a reprogramação da campanha antirrábica para redução do risco de contágio do novo coronavírus.
No ano passado, em Ribeirão Preto, segundo dados da Vigilância Ambiental em Saúde, órgão da Secretaria Municipal da Saúde, a Campanha de Vacinação contra a Raiva Animal 2019, havia imunizado 67.012 animais (cães e gatos) durante as ações que ocorreram entre 10 de agosto e 13 de setembro em toda a cidade.
A campanha superou a meta de 60 mil animais em 11,7% antes do término – foi até o final de setembro. A raiva é uma doença que não tem tratamento e nem cura e é transmitida a cães e gatos por meio de contato com morcegos contaminados. Por isso, há necessidade de proteger os animais domésticos, uma vez que a doença pode ser transmitida também ao homem.
“Orientamos a população, principalmente, para que alerte as crianças e adolescentes a não manterem contato com os animais. Quem encontrar um morcego, mesmo que esteja morto, deve acionar a Divisão de Vigilância Ambiental para que sejam orientados corretamente”, explica Maria Lúcia Biagini, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde.
Devido ao risco de transmissão do novo coronavírus em situações que geram aglomeração, as equipes técnicas de saúde estadual e municipais optaram por manter apenas a imunização de rotina, disponível nos serviços de saúde municipais ou estabelecimentos médico-veterinários privados, sendo responsabilidade do tutor ou proprietário zelar pela saúde do animal de estimação.
Tradicionalmente, a ação ocorria entre os meses de agosto e setembro. A campanha poderá ser reprogramada a depender do cenário epidemiológico do novo coronavírus, e qualquer definição será discutida com os municípios e amplamente comunicada à população.
“Em São Paulo, as ações de vigilância, prevenção e controle da raiva são constantes, e há mais de duas décadas foi eliminada a circulação da variante canina”, explica a diretora do Instituto Pasteur, Luciana Hardt. Desde 1997, o estado não registra casos de raiva em humanos provocados pela variante canina, e desde 1998 não há casos caninos e felinos.
Casos esporádicos podem ocorrer pela variante de morcego, sendo o último registro de 2018 após contato direto da vítima com morcego infectado (vivo ou morto). “Por isso, é fundamental que esses animais não sejam manipulados caso sejam encontrados nas residências, quintais e áreas com vegetação”, diz Hardt.
Os morcegos são animais silvestres protegidos por lei, e contribuem com o meio ambiente porque agem na polinização de flores, dispersão de sementes, controle da população de insetos. Portanto, não devem ser exterminados em qualquer hipótese.
Prevenção e atendimento médico
A prevenção da raiva ocorre por meio do controle da doença nos animais domésticos e da profilaxia no ser humano. Assim, as pessoas ou cães e gatos que tiverem contato acidental com morcegos devem ser prontamente encaminhadas para tratamento profilático.
Também é imprescindível procurar um serviço de saúde se a pessoa for arranhada ou mordida por um animal mamífero desconhecido. Não há cura para a raiva e é uma doença quase sempre fatal, que pode provocar paralisia, debilidade e outros quadros motores.