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‘Vacina de vento’ pode gerar multa

GOVERNO DE SÃO PAULO

A Câmara de Vereadores vai analisar, nos próximos dias, um projeto de lei que estabele­ce sanções para os servidores da Secretaria Municipal da Saúde que deixarem, propo­sitalmente, de aplicar a vaci­na contra o coronavírus. De autoria do presidente do Le­gislativo, Alessandro Maraca (MDB), quem cometer essa infração responderá a proces­so administrativo, com direito à ampla defesa.

Após recebimento da de­núncia de aplicação de “vaci­na de vento” ou de simulação da imunização, o profissio­nal deverá ser remanejado imediatamente para outra função enquanto o processo administrativo de verificação estiver sendo conduzido. Se for comprovada a infração, o enfermeiro ou enfermeira será multado em 500 Unida­des Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesps).

Neste ano, cada Ufesp vale R$ 29,09, o que resultaria em multa de R$14.545,00. Os va­lores serão destinados ao Fun­do Municipal de Saúde. O pro­jeto também estabelece que, identificada a infração e tran­sitado em julgado o processo administrativo disciplinar, o profissional ficará impedido de ocupar qualquer cargo público no município por cinco anos.

Segundo Alessandro Ma­raca, a aprovação do projeto é importante por causa dos diversos casos de pessoas que deixaram de aplicar a dose do imunizante contra a covid-19 em várias cidades brasileiras, seja pela aplicação da chamada “vacina de vento”, seja pela si­mulação do ato de imunização.

O parlamentar argumenta que, apesar de já existirem pro­jetos tramitando no Congresso Nacional criminalizando tal prática, o dele institui multas e sanções no âmbito municipal, buscando celeridade de meca­nismos que coíbam e punam estes ditos profissionais de saúde. A proposta foi proto­colada na semana passada e ainda não tem data para ser analisada em plenário.

Em Ribeirão Preto, laudo pericial elaborado pelo Insti­tuto de Criminalística (IC) da cidade constatou que a enfer­meira investigada por fraude na vacinação da covid-19 não imunizou uma senhora de 84 anos, em 8 de março, na Uni­dade Básica de Saúde Doutor Rubens Issa Halak, a UBS do Jardim Juliana, na Zona Leste de Ribeirão Preto.

Para chegar a esta conclu­são, a Polícia Civil analisou o vídeo feito pelo filho da idosa. As imagens mostram a agu­lha sendo inserida na idosa e a aplicação demora nove se­gundos. Depois, a enfermeira passa algodão e um curativo no braço da idosa. A família contestou o procedimento e registrou um boletim de ocor­rência. Um inquérito foi aber­to na Delegacia de Proteção ao Idoso. A mulher já foi imuni­zada corretamente.

A Secretaria Municipal de Saúde também instaurou sin­dicância para apurar o caso da mulher de 84 anos. A filha de um senhor de 77 anos também acusa a enfermeira de não ter aplicado a vacina no pai. A pro­fissional chegou a ser suspensa de suas funções e retornou às suas atividades na UBS do Jar­dim Juliana no final de março.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também acompanha as investigações e aguarda o laudo pericial das filmagens feitas pelo filho de uma das supostas vítimas ido­sas para verificar quais provi­dências podem ser tomadas. O promotor Paulo José Freire Teotônio instaurou inquérito para apurar a suposta fraude. Diz que o laudo não deixa dú­vida sobre a fraude cometida pela enfermeira.

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