Vacina contra a covid-19 totalmente nacional, a Versamune é o imunizante em fase mais avançada de desenvolvimento aqui no Brasil e pode ser incluída no Plano Nacional de Imunizações (PNI) no final deste ano em critério emergencial. A informação partiu do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, em entrevista à TV Brasil.
A vacina está sendo desenvolvida em Ribeirão Preto pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMRP/ USP), em parceria com a startup Farmacore Biotecnologiada e a empresa norte-americana de biotecnologia PDS Biotechnology, e é financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
O imunizante já está, inclusive, com a fase de testes autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o ministro, a expectativa é que a Versamune inicie a fase 3 de testes no segundo semestre. A ideia é contar com a vacina disponível para a população no ano que vem.
“A minha visão é principalmente para o ano que vem, para que a gente não precise mais importar vacinas, todo esse problema de custo, de logística. Tudo vai ser nacional e fabricado em empresa brasileira”. Os testes das fases 1 e 2 de uma das candidatas a vacina nacional contra a covid-19 serão coordenados pelo HCor. Essas etapas dos estudos com a vacina Versamune MCTI contarão com a participação de 360 voluntários.
De acordo com os pesquisadores, ela se mostrou eficaz em testes pré-clínicos. A meta dos pesquisadores é encerrar as pesquisas das duas etapas até outubro. A cada três participantes, dois vão receber a vacina e o outro, placebo. Vamos testar doses de 25 e de 75 microgramas com intervalo de 28 dias”, detalha Alexandre Biasi, diretor do Instituto de Pesquisa do HCor.
Os trabalhos com o possível imunizante tiveram início em abril do ano passado. “A vacina tem duas partes. Uma parte é uma proteína produzida em laboratório, não é um pedaço do vírus, que é muito parecida, quase idêntica à Spike do Sars-CoV-2”, diz Biabi.
“Parece uma subunidade. A outra é um carreador, um tipo de esfera de lipídeo, que carrega a proteína dentro da corrente sanguínea. Quando acontece de a pessoa entrar em contato com o vírus, ela faz com que o organismo gere uma resposta imunológica”, explica. A tecnologia também permite ajustes para que a vacina se adapte às variantes que estão surgindo.
Nos estudos pré-clínicos, segundo Helena Faccioli, CEO da Farmacore Biotecnologia, o imunizante se mostrou seguro e capaz de ativar o sistema imunológico. “A tecnologia ativa especificamente vias imunológicas críticas necessárias para poderosas respostas de células T e anticorpos neutralizantes. Ela tem capacidade de induzir níveis relevantes de células T CD8+, assassinas, específicas da doença”, diz.
“Além de ser uma tecnologia mais segura em relação ao processo de produção, pois não exige níveis elevamos de biossegurança”, completa. Para ser voluntário, era preciso ter mais de 18 anos, não ter tomado vacina contra a covid-19 nem ter sido infectado pela doença. Por causa do avanço da imunização no país, caso chegue a faixa etária da vacinação dos voluntários, os dados serão abertos para que eles não percam a oportunidade de se vacinar com as opções já disponíveis, diz Biasi.
Anunciada como vacina “100% brasileira” pelo governo federal em março, a vacina está entre as apostas do MCTI para combate ao novo coronavírus. Embora o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Marcos Pontes tenha falado positivamente sobre a vacina, inclusive em uma das lives de Jair Bolsonaro, o presidente vetou, em abril, R$ 200 milhões que seriam usados no desenvolvimento do imunizante.
De acordo com Pontes, o Brasil conta hoje com 15 estratégias de vacinas nacionais contra a covid-19. Segundo ele, toda a pesquisa, desenvolvimento e criação de infraestrutura para a produção dessas vacinas servirá não só para que o país possa contar com uma estrutura perene para o desenvolvimento de imunizantes contra o novo coronavírus como também para desenvolver estudos em relação a outras doenças como dengue e chikungunya.
“A gente vai poder produzir outras vacinas, ficar muito mais preparados para outras pandemias que virão. Foi todo um trabalho estratégico feito pelo ministério que vai dar um legado muito bom para o país”. O combate à pandemia da covid-19 é apenas uma das frentes de trabalho do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).