Tribuna Ribeirão
Geral

Vacina de RP pode integrar PNI em 2021

MARCELO CAMARGO/AG.BR.

Vacina contra a covid-19 totalmente nacional, a Ver­samune é o imunizante em fase mais avançada de desenvolvi­mento aqui no Brasil e pode ser incluída no Plano Nacional de Imunizações (PNI) no final deste ano em critério emergen­cial. A informação partiu do ministro da Ciência, Tecnolo­gia e Inovações, Marcos Pon­tes, em entrevista à TV Brasil.

A vacina está sendo desen­volvida em Ribeirão Preto pela Faculdade de Medicina da Uni­versidade de São Paulo (FMRP/ USP), em parceria com a startup Farmacore Biotecnologiada e a empresa norte-americana de biotecnologia PDS Biotechno­logy, e é financiada pelo Minis­tério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

O imunizante já está, inclu­sive, com a fase de testes autori­zada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o ministro, a expecta­tiva é que a Versamune inicie a fase 3 de testes no segundo se­mestre. A ideia é contar com a vacina disponível para a popula­ção no ano que vem.

“A minha visão é principal­mente para o ano que vem, para que a gente não precise mais im­portar vacinas, todo esse proble­ma de custo, de logística. Tudo vai ser nacional e fabricado em empresa brasileira”. Os testes das fases 1 e 2 de uma das candida­tas a vacina nacional contra a co­vid-19 serão coordenados pelo HCor. Essas etapas dos estudos com a vacina Versamune MCTI contarão com a participação de 360 voluntários.

De acordo com os pesqui­sadores, ela se mostrou eficaz em testes pré-clínicos. A meta dos pesquisadores é encerrar as pesquisas das duas etapas até ou­tubro. A cada três participantes, dois vão receber a vacina e o ou­tro, placebo. Vamos testar doses de 25 e de 75 microgramas com intervalo de 28 dias”, detalha Alexandre Biasi, diretor do Ins­tituto de Pesquisa do HCor.

Os trabalhos com o possível imunizante tiveram início em abril do ano passado. “A vaci­na tem duas partes. Uma parte é uma proteína produzida em laboratório, não é um pedaço do vírus, que é muito parecida, quase idêntica à Spike do Sars­-CoV-2”, diz Biabi.

“Parece uma subunidade. A outra é um carreador, um tipo de esfera de lipídeo, que carrega a proteína dentro da corrente sanguínea. Quando acontece de a pessoa entrar em contato com o vírus, ela faz com que o orga­nismo gere uma resposta imu­nológica”, explica. A tecnologia também permite ajustes para que a vacina se adapte às varian­tes que estão surgindo.

Nos estudos pré-clínicos, segundo Helena Faccioli, CEO da Farmacore Biotecnologia, o imunizante se mostrou seguro e capaz de ativar o sistema imu­nológico. “A tecnologia ativa especificamente vias imunoló­gicas críticas necessárias para poderosas respostas de células T e anticorpos neutralizantes. Ela tem capacidade de induzir níveis relevantes de células T CD8+, assassinas, específicas da doença”, diz.

“Além de ser uma tecnolo­gia mais segura em relação ao processo de produção, pois não exige níveis elevamos de bios­segurança”, completa. Para ser voluntário, era preciso ter mais de 18 anos, não ter tomado va­cina contra a covid-19 nem ter sido infectado pela doença. Por causa do avanço da imunização no país, caso chegue a faixa etá­ria da vacinação dos voluntários, os dados serão abertos para que eles não percam a oportunidade de se vacinar com as opções já disponíveis, diz Biasi.

Anunciada como vacina “100% brasileira” pelo governo federal em março, a vacina está entre as apostas do MCTI para combate ao novo coronavírus. Embora o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu­nicações Marcos Pontes tenha falado positivamente sobre a va­cina, inclusive em uma das lives de Jair Bolsonaro, o presidente vetou, em abril, R$ 200 milhões que seriam usados no desenvol­vimento do imunizante.

De acordo com Pontes, o Brasil conta hoje com 15 estraté­gias de vacinas nacionais contra a covid-19. Segundo ele, toda a pesquisa, desenvolvimento e criação de infraestrutura para a produção dessas vacinas servirá não só para que o país possa contar com uma estrutura pe­rene para o desenvolvimento de imunizantes contra o novo coronavírus como também para desenvolver estudos em relação a outras doenças como dengue e chikungunya.

“A gente vai poder produzir outras vacinas, ficar muito mais preparados para outras pande­mias que virão. Foi todo um tra­balho estratégico feito pelo mi­nistério que vai dar um legado muito bom para o país”. O com­bate à pandemia da covid-19 é apenas uma das frentes de tra­balho do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

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