Nesta sexta-feira, 26 de março, dia em que o governo de São Paulo anunciou a vacina do Instituto Butantan, a Butanvac, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Pontes, declarou já ter uma vacina em desenvolvimento na fase de testes clínicos, com voluntários, protocolada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O imunizante está sendo desenvolvido pelo pesquisador Célio Lopes Silva professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, em parceria com a PDS Biotechnology Corporation. Denominada Versamune-CoV-2F, a vacina é a combinação de uma proteína recombinante do Sars-CoV-2, desenvolvido pela farmacêutica ribeirão-pretana, associada ao carreador Versamune, da PDS Biotech, uma tecnologia patenteada para a ativação do sistema imunológico.
“PDS Biotech e Farmacore agora estão um passo mais perto de conseguir avançar com os estudos e criar uma vacina para combater a covid-19 através da nanotecnologia da plataforma Versamune”, diz Frank Bedu-Addo, CEO da PDS Biotech. Os resultados pré-clínicos demonstraram potencial para induzir uma resposta imune ampla e robusta.
Segundo Marcos Pontes, os testes serão feitos agora em 360 pessoas para testar sua segurança e que o protocolo foi desenvolvido em parceria com a Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. Ele disse ainda que deve levar cerca de três meses para fazer testes da fase 1 e 2 e depois há outro cronograma para a fase 3. O desenvolvimento é uma estratégia de soberania, na avaliação do ministro. “Vimos a dificuldades que tivemos com importação”, diz.
O próprio ministro da Ciência já visitou a USP e o laboratório da Farmacore em Ribeirão Preto no ano passado. Em 13 de novembro, ele e o agora ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, visitaram e avaliaram pesquisas sobre a covid-19 no campus da USP. Após o encontro na universidade, Pontes foi à fábrica da Farmacore, que desenvolve a vacina utilizando proteínas do próprio coronavírus para imunizar o paciente.
Os estudos da USP, financiados pelo governo federal, são desenvolvidos pela RedeVírus, uma comitê do Ministério de Ciência e Tecnologia com representantes de universidades federais, estaduais e laboratórios do Brasil que trabalham no enfrentamento do novo coronavírus. O grupo é responsável por pesquisas de desenvolvimento de remédios contra a covid-19, vacinas, equipamentos hospitalares, equipamentos de proteção individual e outras frentes contra a pandemia.
Pontes diz que o governo federal investiu em 15 tecnologias diferentes desde o ano passado. “Três dessas vacinas avançaram para pré-testes; agora estão entrando para testes com voluntários. Em fevereiro, uma dessas vacinas se adiantou bastante com a Anvisa”, explica. “A boa notícia é que uma dessas vacinas já tem o protocolo – com data de quinta-feira (25) – registrado na Anvisa”.
Pontes deu as declarações ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga no Palácio do Planalto. Questionado se o anúncio desta sexta-feira estava relacionado com a divulgação do instituto paulista, Pontes disse se tratar apenas de uma coincidência e que era bom para o país ter mais de uma vacina em desenvolvimento. O ministro astronauta afirma que desde ano passado tem falado sobre a importância de ter imunizantes brasileiros.
Sobre o Versamune-CoV-2F – O Versamune-CoV-2F é um projeto de vacina para covid-19 que combina a plataforma Versamune®️ de ativação imune com uma proteína de fusão recombinante desenvolvida pela Farmacore a partir do coronavírus 2, da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars-CoV-2) reconhecível por nosso sistema imunológico (antígeno).
O perfil alvo da vacina é fornecer rápida indução de anticorpos neutralizantes, bem como células-T “killer” e células-T de memória contra o vírus Sars-CoV-2, em pacientes vacinados com Versamune-CoV-2F para proteger contra a covid-19 e impedir a propagação da infecção.