A vacina experimental para a covid-19 da AstraZeneca, desenvolvida na Universidade de Oxford, é segura e produziu resposta imune em ensaios clínicos iniciais em mil voluntários saudáveis, com idade entre 18 e 55 anos, informaram cientistas da instituição nesta segunda-feira, 20 de julho.
Em um primeiro momento, o Brasil irá produzir 30,4 milhões de doses da vacina produzida em Oxford, previstas para dezembro deste ano e janeiro de 2021 por meio de uma parceria com a universidade e com o Laboratório AstraZeneca.
Segundo o Ministério da Saúde, com a confirmação de que o imunizante – considerado o mais promissor em fase de testes – é eficaz e seguro, essas doses poderão ser distribuídas imediatamente para a população. A fabricação ficará por conta da Bio-Manguinhos, entidade da Fiocruz responsável pela produção de vacinas, e o investimento pode chegar a US$ 288 milhões.
O imunizante, chamado AZD1222, não provocou efeitos colaterais graves e desenvolveu respostas imunes a anticorpos e células T, de acordo com o estudo publicado na revista médica The Lancet. Os resultados referem-se às fases 1 e 2 de testes. A terceira etapa está sendo testada em 50 mil pessoas, incluindo 5 mil brasileiros.
“Esperamos que isso signifique que o sistema imunológico se lembre do vírus, para que nossa vacina proteja as pessoas por um período prolongado”, diz o principal autor do estudo, Andrew Pollard, da Universidade de Oxford. “No entanto, precisamos de mais pesquisas antes de confirmarmos que a vacina protege efetivamente contra a infecção por Sars-CoV-2 e por quanto tempo dura a proteção”, explica.
A vacina de Oxford está entre as principais candidatas na luta contra a cvid-19, que já matou mais de 600 mil pessoas no mundo, ao lado de outros em ensaios de estágio intermediário e final. Outro imunizante em estágio avançado de teste é a da chinesa Sinovac Biotech, que chegou nesta segunda-feira (20).
A AstraZeneca assinou acordos com governos de todo o mundo para fornecer a vacina, caso ela se mostre eficaz e obtenha aprovação regulatória. A empresa afirmou que não buscará lucrar com a vacina durante a pandemia. A vacina de Oxford está sendo testada em diversos países, entre eles o Brasil e poderá ter o registro liberado em junho de 2021.
A informação foi dada na última quarta-feira, 15 de julho, por Soraya Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que coordena os testes no País. Normalmente, a vacina levaria 18 meses para ser aprovada. Mas os cientistas estão confiantes de que conseguirão encurtar este período para doze meses se os resultados forem positivos.
Por isso, segundo a reitora da Unifesp, tendo os primeiros resultados no fim deste ano, o registro já poderia ser obtido até meados do ano que vem. Essa redução é possível porque a vacina está sendo testada simultaneamente em 50 mil pessoas em todo o mundo, um número recorde. No Brasil, são cinco mil pessoas: duas mil em São Paulo, duas mil na Bahia e mil no Rio de Janeiro.
A redução de tempo foi possível também por se tratar de uma vacina emergencial. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem atualmente 163 substâncias candidatas a vacina contra a covid-19 em desenvolvimento em todo o mundo. Também segundo a OMS, a de Oxford é a que se encontra em estágio mais avançado de testes.