A vacina Oxford/AstraZeneca contra covid-19, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estimula resposta imune capaz de fazer frente à variante P.1, que se espalhou rapidamente pelo Brasil depois de ter sido detectada pela primeira vez em Manaus (AM). A avaliação é do vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, que nesta quinta-freira, 22 de abril, apresentou estudos que indicam a efetividade da vacina “no mundo real”, quando a eficácia dos testes clínicos é posta à prova.
A vacina de Oxford é uma das mais aplicadas no mundo atualmente e tem outras vantagens, como o custo mais baixo e a possibilidade de armazenamento em refrigeradores menos avançados, com temperaturas de 2 a 8 graus Celsius. Além disso, traz um incremento da resposta imune que vai além da produção de anticorpos. As novas plataformas tecnológicas se caracterizam por instruírem as células humanas a produzirem traços do antígeno, que, em seguida, despertam as defesas do corpo humano.
Nas plataformas consideradas tradicionais, as vacinas trazem o vírus inativado (morto), ou vivo e atenuado (enfraquecido). O que os estudos têm apontado, segundo o vice-presidente da Fiocruz, é que as vacinas de segunda geração têm demonstrado desempenho maior na defesa chamada de resposta celular, que se dá quando o corpo humano destrói as células que já foram infectadas pelo vírus, impedindo que ele as utilize para se replicar. Essa é uma linha de defesa complementar ao ataque que os anticorpos promovem contra os microorganismos invasores.
São vacinas de segunda geração tanto as vacinas de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna, quanto as de vetor viral, como a Oxford/AstraZeneca, a Sputnik V e a Janssen. Um estudo publicado nesta semana pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Oxford e outras instituições indica que os anticorpos produzidos pela imunização reconhecem mais a variante britânica e menos a variante sul-africana, que acumula um número maior de mutações.
A variante P.1, brasileira, fica em uma posição intermediária nessa escala. Quando é analisada a resposta imune celular, entretanto, dados de outro estudo publicado por uma universidade americana mostram que ela não se altera de forma significativa diante das variantes.
Mais doses
A Fiocruz vai entregar, nesta sexta-feira, 23 de abril, cinco milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca contra covid-19 produzidas pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). A quantidade supera a previsão inicial para esta semana em 300 mil doses.
Por questões logísticas relacionadas à distribuição das vacinas, a Fiocruz passará a liberar os lotes para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) sempre às sextas-feiras. Na semana passada, Bio-Manguinhos também liberou cinco milhões de doses, porém em duas remessas, na quarta-feira (14) e na sexta-feira (16).
Para a semana que vem, o cronograma prevê mais 6,7 milhões de doses, o que fará com que a fundação entregue mais de 18 milhões de doses no mês de abril. Para os próximos meses, a programação é que as entregas cresçam em volume e cheguem a 21,5 milhões, em maio; 34,2 milhões, em junho; e 22 milhões, em julho.
Desse modo, a fundação cumprirá a meta de produzir 100,4 milhões de doses. No segundo semestre, a Fiocruz prevê produzir 110 milhões de doses com IFA fabricado no Brasil. Já o Instituto Butantan iniciou a produção de mais cinco milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus, a partir de matéria-prima recebida da biofarmacêutica Sinovac. Os três mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) chegaram a São Paulo na última segunda-feira, 19 de abril.
Desde 17 de janeiro, o Instituto Butantan já enviou 41,4 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Somente em abril, foram disponibilizadas 5,2 milhões de vacinas. Em março foram 22,7 milhões, em fevereiro, 4,85 milhões e, em janeiro, 8,7 milhões de unidades. Com a nova produção, o total de doses entregues aumentará para 46,4 milhões.