Ao menos 900 interessados se candidataram até esta terça-feira, 21 de julho, para os testes da vacina chinesa contra a covid-19 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP). Destes, serão selecionados os 300 voluntários que receberão a primeira dose da vacina na próxima semana.
Desenvolvido pelo laboratório Sinovac Biotech, o imunizante chegou ao Brasil na segunda-feira (20) e foi encaminhado ao Instituto Butantã, na capital. Dali será feita a distribuição para os doze centros médicos que participam dos testes sobre a eficácia e segurança da vacina. O Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – ligado ao HC da USP) –, na rua Cuiabá, no Sumarezinho, Zona Oeste, deve iniciar os exames na semana que vem, quando as doses chegarão à cidade.
Os candidatos de Ribeirão Preto são enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e outros profissionais de saúde que atuam no atendimento direto aos pacientes com coronavírus. É preciso que eles estejam em boas condições de saúde e não tenham contraído o vírus. No caso das candidatas mulheres, elas não podem estar grávidas. Após a seleção, os voluntários serão atendidos no ambulatório do Hospital das Clínicas e receberão duas doses da vacina com intervalo de 15 dias.
Como parte do teste, metade do grupo receberá um placebo. Os voluntários serão monitorados e passarão por exames para avaliação dos efeitos da vacina. De acordo com o professor da Faculdade de Medicina e coordenador da pesquisa em Ribeirão Pretop, Eduardo Barbosa Coelho, a cidade foi escolhida por possuir um centro de excelência e ter o vírus em circulação.
“Para medir a eficácia da vacina é preciso que a doença esteja circulando, para que se possa saber se ela pode proteger de forma eficiente. É um estudo experimental, não sabemos se a vacina funciona. Para que a gente teste é preciso ter o número correto de pessoas e aquelas que possam trazer essa resposta para nós”, diz.
A expectativa é de que os resultados dos doze centros brasileiros onde serão feitos os testes em nove mil voluntários fiquem prontos entre outubro e início de novembro. Segundo o coordenador, a vacina já percorreu um longo caminho e mostrou que tem capacidade de gerar anticorpos. “Se demonstrar a eficácia e segurança que desejamos serão necessárias outras etapas para que sejam disponibilizadas à população. Estamos trabalhando e confiantes de que tudo dará certo”, disse.
Os testes clínicos realizados no Brasil são da fase 3 e tiveram o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O laboratório chinês, com sede em Pequim, já realizou testes em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental foi aplicado em macacos.
Nesta terça-feira, no Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), começaram os testes. A terceira fase de testes no HC será direcionada a 890 voluntários. Os pesquisadores do hospital vão analisar os voluntários em consultas agendadas a cada duas semanas. A estimativa é concluir as primeiras análises em até 90 dias.
A primeira pessoa a receber a vacina, chamada CoronaVac, foi uma médica do Hospital das Clínicas (HC) que não teve a identidade revelada. O governo estima que o estudo deverá ser concluído até setembro. Se os testes forem bem-sucedidos, a vacina pode começar a ser produzida no início de 2021. O estudo é conduzido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Life Science, parte do grupo Sinovac Biotech.
O acordo com o laboratório chinês prevê que, se a vacina for efetiva, o Brasil receberá 60 milhões de doses fabricadas na China para distribuição. De acordo com o governo estadual, o instituto está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A capacidade de produção é de até 100 milhões de doses. Primeiro, receberão a vacina profissionais da saúde e pessoas dos grupos de risco, coomo idosos e pacientes com comorbidades, e depois será destinada a todos os brasileiros através do Sistema Único de Saúde (SUS).
“É um dia histórico, dia 21 de julho. É um dia de orgulho para São Paulo e para o Brasil. Nós acabamos de presenciar a aplicação da primeira dose de vacina”, anunciou o governador João Doria (PSDB) no início da entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, em São Paulo. Criada pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, a vacina é vista pelo diretor do Instituto Butantã, Dimas Tadeu Covas – que também comanda o Hemocentro de Ribeirão Preto – como “uma das mais promissoras” entre as testadas no mundo.
Novas vacinas
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ter aprovado a condução de um ensaio clínico que estudará dois tipos de vacinas contra a covid-19. Essas vacinas estão sendo desenvolvidas pelas empresas BioNTech e Pfizer e são baseadas em ácido ribonucleico (RNA), que codifica um antígeno específico do vírus Sars-CoV-2.