Está em discussão no Conselho Gestor da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto a demolição de um conjunto de casas remanescentes da Fazenda Monte Alegre, no local onde hoje fica o campus. As casas foram construídas entre a segunda metade do século XIX e os primeiros anos do século XX para abrigar os colonos imigrantes que vieram trabalhar nas lavouras de café.
As dez casas ficam na rua Napolitana, assim chamada em referência à origem de seus primeiros ocupantes – italianos da região de Nápoles. O acesso é asfaltado e as casas servidas de água, esgoto e iluminação. A justificativa contida no “Plano de Ocupação e Recuperação das Moradias”, apresentado ao Conselho Gestor, é que os imóveis “apresentam problemas estruturais severos e com alto custo para sua recuperação”.
A ideia é pedir autorização ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) para demolir sete dos dez imóveis– e preservar apenas três. Os dois representantes dos funcionários no Conselho Gestor, formado majoritariamente por docentes, foram contra a medida e pediram outra alternativa que evite a demolição.
Ficou definido, então, a formação de uma comissão para debater outras opções que evitem a demolição, ou seja, a pedido não foi sequer encaminhado para apreciação do Condephaat, uma vez que todo o conjunto arquitetônico do campus é tombado por sua importância histórica.
Uma equipe do Tribuna esteve na rua Napolitana na última sexta-feira, 15 de dezembro. Os imóveis deveriam estar vazios, mas há indícios de que moradores de rua estão usando a estrutura do casario para pernoite e até para tomar banho. Em alguns cômodos foram encontrados colchões e peças de roupas.