As aulas presenciais em todos os campi da Universidade de São Paulo (USP) serão retomadas nesta segunda-feira, 14 de março, segundo o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior. Os espaços físicos passaram por adaptações para reduzir os riscos de transmissão da covid-19, diz o neurocirurgião de 61 anos, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).
O novo reitor da USP defende o passaporte vacinal na instituição, válido para alunos, professores e servidores técnico-administrativos. “É a nossa opção. Temos um aplicativo de identificação em que já pode ser incluída a vacinação. É importante que consideremos a vacinação como obrigação”, afirma.
Segundo ele, um “esquema especial” foi montado às pessoas que não possam – por determinação médica – receber o imunizante contra o novo coronavírus. Para o retorno, o reitor diz que a universidade aumentou a ventilação nas salas de aula e prevê um esquema preferencial de refeições em espaços amplos.
“Nosso objetivo é ter um ensino em 2022 melhor do que foi em 2019 (último ano inteiramente presencial). O corpo docente está preparado para fazer a transição”, garante. “Todos os prédios e instalações deverão estar funcionado. É para ser presencial o ensino. O uso de alguma ferramenta mediada por tecnologia será complementar”, diz.
“A USP não é uma universidade de ensino a distância. É isso que nossos alunos estão esperando e o corpo docente também”, acrescenta Carlotti Junior, o candidato mais votado nas eleições de novembro e acabou sendo escolhido, em 8 de dezembro, pelo governador João Doria (PSDB), para assumir a maior universidade do país. A socióloga Maria Arminda do Nascimento Arruda é a vice-reitora da instituição.
Carlotti Junior é professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) e ficou em primeiro lugar na eleição para reitor da Universidade de São Paulo. A votação interna foi realizada em 25 de novembro. A chapa dele e Maria Arminda recebeu 1.156 votos contra 795 da chapa “Somos todos USP”, dos professores Antonio Carlos Hernandes e Maria Aparecida de Andrade.
No campo das ações afirmativas, Carlotti Junior tem defendido maior diversidade de gênero para professores – ele inclusive avalia adotar alguma ação afirmativa nesse sentido – e aperfeiçoar os sistemas de identificação dos cotistas (pretos, pardos e indígenas) com o objetivo de evitar fraudes.
“Obviamente temos limitações e legislações para fazer algumas atividades, mas precisamos ter no corpo docente a mesma diversidade no corpo discente”, diz. “Por isso, a preocupação que considere a diversidade de gênero e racial. “Ainda não temos uma fórmula pronta, mas é um interesse da reitoria que isso seja representado. Isso deve ser feito com o processo natural, sem romper a excelência da universidade”, frisa.
A USP tem 159 professores pretos ou pardos, o que representa 2,7% de 5.788 docentes. O campus de Ribeirão Preto tem cerca de 2,7 mil profissionais, sendo 900 docentes, e mais de 15 mil alunos. Desde 2017, a universidade adota o sistema de cotas raciais para alunos de escolas públicas no vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest).
Também reserva vagas para estudantes oriundos de escolas públicas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em 2020, pela primeira vez, a instituição teve 50% de seus novos alunos vindos da rede pública de ensino.