Usinas hidrelétricas de várias regiões do Brasil começaram a abrir as comportas desde a última semana. Na de Itaipu Binacional, as comportas da calha esquerda foram abertas no último sábado, 14 de janeiro, com vazão de 1.400 m³/s. A previsão de vertimento é de dez dias, mas a programação pode ser alterada.
Já as usinas do Rio Madeira, no Complexo Belo Monte, e das Bacias do Rio São Francisco foram abertas durante a semana. Para os próximos dias é esperado o início do vertimento na Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. A medida excepcional é tomada com a recuperação dos níveis dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, os reservatórios superam 60% de armazenamento em janeiro, mês com chuvas acima da média em algumas regiões do país. De acordo com o MME, em geral, a abertura dos vertedouros ocorre por dois fatores principais: garantir a segurança das barragens, quando o volume dos reservatórios chega aos patamares máximos, e redução da demanda de energia, como é esperado em janeiro.
Assim, a água que passaria pelas turbinas é escoada nos vertedouros. Na macrorregião, as comportas da hidrelétrica de Marimbondo, que faz parte das Usinas de Furnas, foram abertas na sexta-feira (13) por conta da época de chuvas neste início de ano. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as comportas estavam fechadas desde 2012.
As comportas foram abertas para o controle do volume de água na região de Colômbia, Barretos e Guaíra. Por conta disso, a Usina de Porto Colômbia também precisou liberar a água. O volume do reservatório na abertura está em 74,33%. Em janeiro do ano passado, o volume era de 18,73%, 55,6% a menos do que em janeiro de 2023.
As bacias dos rios São Francisco e Grande estão operando em condição de cheia, após períodos de precipitação acima da média, mais propensos de acontecer no período úmido. A abertura das comportas, no entanto, aumenta a vazão do Rio Grande.
Por causa do excesso de chuvas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve manter a bandeira verde acionada em janeiro para todos os consumidores do país. Com a chegada do período chuvoso, melhoram os níveis dos reservatórios e as condições de geração das usinas hidrelétricas, as quais possuem um custo mais baixo.
Dessa forma, não é necessário acionar empreendimentos com energia mais cara, como é o caso das usinas termelétricas. A bandeira verde está em vigor desde 16 de abril do ano passado. De setembro de 2021 a 15 de abril de 2022, os consumidores pagaram um adicional de R$ 14,20 por 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos, referente à bandeira escassez hídrica.
Aumento
Em 21 de junho, a agência aprovou aumentos da ordem de 60% nos valores das bandeiras tarifárias amarela e vermelha 1. O valor da amarela terá reajuste de 59,5%, de R$ 1,874 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos para R$ 2,989. Já a vermelha 1 vai de R$ 3,971 para R$ 6,500 a cada 100 kWh. Alta chega a 63,7%.
O patamar mais caro da bandeira, a vermelha 2, passou de R$ 9,492 a cada 100 kWh para R$ 9,795, aumento de 3,2%. O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para indicar os custos da geração de energia no país aos consumidores e atenuar os reajustes das tarifas e o impacto nos orçamentos das distribuidoras de energia.
Sistema de economia
Quando vigora a bandeira verde, não há acréscimos na conta de luz. A agência aprovou em julho do ano passado reajuste nas bandeiras amarela e vermelha patamar 1. A taxa cobrada pela bandeira amarela aumentou de 39,5%, de R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) para R$ 1,874. Já a bandeira vermelha 1 passou de R$ 4,169 a cada 100 kWh consumidos para R$ 3,971 – redução de 4,75%.
Em junho de 2021, a agência já havia aprovado um aumento de 52% no valor da bandeira vermelha 2. Até então o valor cobrado era de R$ 6,24 a cada 100 kWh, mas subiu para R$ 9,49. A Aneel estima que a tarifa de energia elétrica deve subir, em média, 5,6% em 2023.