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Use os algoritmos a seu favor

Talvez você não saiba, mas é possível que alguns algorit­mos estejam lhe privando de informações e experiências que alargariam seu horizonte e conhecimento. A personalização dos conteúdos pelos algoritmos, conforme preferências ou consumo que temos nos meios digitais, pode reforçar nossas ideias, opiniões e escolhas.

Mas antes que nos precipitemos a rotular os algoritmos como um vilão, é preciso reconhecer que eles podem ser um ótimo recurso para poupar tempo e esforço na busca daquilo que costumamos consumir, como uma previsibilidade do nosso comportamento nas redes, o que facilitaria a realização de desejos ou ações recorrentes.

Os algoritmos organizam a ordem ou relevância em que os posts aparecem em nossas redes sociais, ajudam o aplica­tivo de trânsito a apontar o melhor caminho para chegar ao destino e recomendam músicas de nosso gosto num serviço de streaming, entre tantas outras possibilidades.

Visto de outro modo, no entanto, o uso dos algoritmos pode ser vivenciado como uma limitação, um entrave ao alar­gamento de nossas possibilidades e, principalmente, da nossa liberdade ou autonomia.

Há algoritmos que já foram usados indevidamente para obter dados de comportamento de usuários, a fim de orientar campanhas políticas nas redes sociais. Outros al­goritmos atuam na exibição de propagandas indesejadas e insistentes, após termos digitado o nome de algum objeto ou serviço num site de busca.

Se considerarmos as redes sociais, é curioso perceber que quanto mais opiniões e impressões são publicadas, mais os indivíduos se limitam a ler o que reforça sua visão de mundo ou a navegar por conteúdos que confirmam seu ponto de vista. Torna-se mais difícil aprender com o que é diferente.

Nesses tempos em que algoritmos determinam o que vamos visualizar ou ouvir, um grande desafio é alargar as fronteiras do pensamento e de nossas experiências.

Por mais que a informação esteja amplamente disponí­vel nos meios digitais, não é simples encontrar e ampliar o leque de conteúdo que realmente seja relevante, que não reforce nossos preconceitos e não nos prenda aos concei­tos já conhecidos.

Por isso a criação e o uso de algoritmos inteligentes no auxílio de atividades de aprendizagem devem ir além da pre­visibilidade do comportamento dos estudantes ou da identifi­cação das principais dificuldades ou gaps de aprendizagem.

O enorme desafio para programadores, designers e educa­dores é desenvolver recursos e ferramentas de aprendizagem adaptativa que realmente personalizem o aprendizado, consi­derando necessidades que vão além do conteúdo e atuem em competências socioemocionais, além de garantir o desen­volvimento do educando rumo à autonomia e à construção autoral do conhecimento.

Diante do crescente número de ferramentas que gami­ficam e adaptam o aprendizado conforme o perfil do alu­no, não se pode abrir mão de uma apropriação crítica dos recursos tecnológicos, usando os algoritmos a nosso favor, a serviço da educação.

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