Depois de quatro anos de espera, a prefeitura de Ribeirão Preto vai inaugurar a Unidade de Pronto Atendimento do Sumarezinho (UPA Oeste), a popular “UPA da Cuiabá”. Batizado de Doutor João José Carneiro, médico e professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que faleceu em 17 de julho, aos 78 anos, vítima da covid-19, o posto de saúde 24 horas começará a atender em 4 de novembro, primeira quarta-feira do mês.
A unidade, na rua Teresina nº 678, terá 77 médicos – 43 clínicos, 32 pediatras, um psicólogo e um coordenador –, 28 enfermeiros, 65 técnicos de enfermagem e um coordenador, quatro farmacêuticos, um coordenador e nove auxiliares de farmácia e três assistentes sociais, entre outros, num total de 215 trabalhadores que vão se revezar em turnos, segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde.
O prédio está pronto desde 2016, mas não podia atender porque não a estrutura era precária, segundo a atual gestão, sem condições nem para receber os equipamentos. Em maio, a prefeitura de Ribeirão Preto assinou contrato com a empresa Pajolla Engenharia Ltda., vencedora da licitação para obras de adequação da estrutura da UPA Oeste.
A concorrência tinha valor estimado de R$ 2.287.442,61, mas foi arrematada pelo valor global de R$ 1.718.603,99, uma economia de R$ 568.838,62 aos cofres públicos – “desconto” de 24,8%. O prédio da UPA Oeste foi entregue em 2016, mas sem os acabamentos exigidos para a estrutura de uma edificação hospitalar de urgência e emergência. Com o novo investimento, foram promovidas todas as adequações necessárias para o funcionamento da unidade.
O prédio da UPA ficou pronto na gestão da então prefeita Dárcy Vera (sem partido). Os custos das adequações representam cerca de 89% do valor original da obra, de R$ 1,9 milhão. Além da estrutura precária, a prefeitura vai precisar de mão de obra. Impossibilitada de contratar por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), vai repassar a administração para a Fundação Hospital Santa Lydia (FHSL).
A FHSL já administra as UPAs Doutor Luis Atílio Losi Viana, na Treze de Maio, no Jardim Paulista, e Nelso- Mandela, a UPA Norte, no Adelino Simioni, além da Unidade Básica Distrital de Saúde Doutor João Baptista Quartin, a UBDS Central, a Unidade Básica de Saúde Doutor Luiz Gaetani, a UBS do Jardim Cristo Redentor, e o Hospital Municipal Francisco de Assis.
A fundação receberá até R$ 19.697.963,17 por um período de doze meses. O contrato termina em outubro de 2021. A UPA Oeste será de porte II, com capacidade de atendimento a uma área de abrangência de 100 a 200 mil pacientes. Comportará 16 consultórios, sendo seis pediátricos, além de 16 leitos de retaguarda.
São quatro para urgência e emergência. A unidade terá recepção, salas de triagem, acolhimento e serviço social. Também terá banheiros públicos adaptados para pessoas com deficiência, sala de observação de adultos com doze leitos, posto de enfermagem, sala de urgência, copa de distribuição, salas de isolamento, adequações necessárias para o cumprimento de fluxos e necessidades internas para UPA.
Alguns problemas detectados na UPA
– O sistema de climatização instalado é individual, deficiente e ineficaz para atender a demanda dos ambientes, com equipamentos que não atendem o conforto térmico adequado e ausência de equipamento para renovação de ar ambiente
– As instalações elétricas não atendem totalmente as áreas de emergência; a capacidade do gerador instalado não é suficiente para atender a demanda do local e não há detector de fumaça nos ambientes e SPDA (sistema de proteção contra descargas atmosféricas)
– As instalações de gases medicinais não atendem os quartos de isolamento e de psiquiatria (masculino e feminino), a sala de inalação (adulto e infantil) e a sala de medicação infantil – Na central de gases, o espaço físico é restrito e não há equipamento de ar comprimido e de vácuo. O de oxigênio está deteriorado
– Nas instalações hidráulicas foi constatada a inexistência de reservatório inferior de água potável
– Com relação à arquitetura do local a rampa da recepção tem declividade de aproximadamente 20% (está acima do permitido) e ocupa grande parte do local; algumas portas de correr da unidade são de PVC (material frágil para frequência do uso) e o piso/rodapé da unidade em geral apresenta superfícies ásperas e sem a camada impermeável
– Verificou-se, também, a ausência de parte do projeto executivo: a instalação elétrica foi elaborada parcialmente e não executada como planejado, não há projetos legalizados