A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou nesta quinta-feira, 7 de maio, morte de um estudante de 25 anos vítima de dengue. Marlon Victor Barbosa Soares cursava pedagogia no Centro Universitário Moura Lacerda. Ele estava internado em uma unidade da rede municipal desde 23 de abril e morreu na quarta-feira (6). Foi o segundo óbito supostamente em decorrência da doença em quatro dias.
Segundo nota da secretaria, o universitário foi atendido na rede municipal em 20, 21, 22 e 23 de abril para acompanhamento clínico de diagnóstico de dengue e diabetes. O caso foi notificado como suspeita de dengue no dia 20, com confirmação 24 horas depois. Foram realizados diários para acompanhamento do quadro clínico. Ele foi internado no dia 23 e morreu anteontem.
Pelas redes sociais, o Centro Universitário Moura Lacerda lamentou a morte. “Expressamos nossos sinceros sentimentos aos familiares e já com muita saudade nos despedimos deste querido aluno, que sempre demonstrou apreço e amizade por todos nós. Nossos professores se orgulham de sua trajetória em nossa instituição e pela forma como sempre conduziu seu compromisso com a Educação.”
A cidade já contabiliza quatro óbitos de vítimas do mosquito Aedes aegypti – transmissor da doença, do zika vírus e das febres chikungunya e amarela –, além de um importado de São Simão. Também investiga mais oito falecimentos em decorrência da doença, mas há dúvidas em relação à morte de Jacqueline Michele Jorge, de 26 anos. A jovem morreu com quadro de dengue hemorrágica, segundo a SMS.
Estava internada no Hospital Santa Lydia desde 29 de abril, quando foi constatada a gravidade da doença. A paciente também apresentava quadro de síndrome respiratória aguda grave (Srag) e a Secretaria Municipal da Saúde aguarda o resultado do exame para confirmar se a mulher foi infectada pelo novo coronavírus.
Porém, parentes da jovem dizem que o próprio Hospital Santa Lydia descartou a infecção por dengue hemorrágica e reforçou a suspeita de morte por covid-19, por isso Jacqueline Michele foi sepultada sem velório e com caixão lacrado.
Segundo nota da secretaria, “a paciente J. M. L. J. foi atendida em 28 de abril – a hipótese diagnosticada na data não foi de dengue. Paciente passou por atendimento, foi medicada, liberada e orientada a retornar em caso de não melhora ou piora. Novamente atendida em 29 de abril, já com quadro de dengue grave, foi imediatamente regulada para o Hospital Santa Lydia”, informa.
Ainda segundo a Secretaria da Saúde, de acordo com o atendimento médico prestado à paciente, “não havia nada relacionado à covid-19, tampouco apresentava sintomas respiratórios associados à doença. Em casos de pacientes que apresentarem sintomas da doença, é colhido material para exames que não são feitos na unidade de saúde”, diz.
No entanto, o comunicado diz que a jovem apresentou exame positivo para dengue, e como evoluiu para insuficiência respiratória aguda grave – principal sintoma de covid-19 –, “não se descarta, neste caso, a presença de coronavírus também ou concomitante. De toda forma, o material para exame de covid-19 foi coletado , mas ainda sem resultado. Isso justifica a abordagem dada a paciente e todos os procedimentos protocolares”, explica.
Em 2019, três pessoas morreram em Ribeirão Preto vítimas de dengue hemorrágica – não registrava óbito em decorrência da infecção desde 2016, quando nove pacientes não resistiram aos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Em 2020, com as mortes dos dois jovens nesta semana, já são cinco vítimas fatais, mas um caso é importado. A menina Maria Gabriela Quintino, de oito anos, faleceu em Ribeirão Preto vítima de hemorragia intestinal causada pela dengue, mas a infecção ocorreu em São Simão.
Em fevereiro, Denis Bryan Souza Rodrigues, de 10 anos, também foi a óbito. Foi o primeiro caso de autóctone de morte na metrópole. Ainda em fevereiro, Ribeirão Preto registrou o segundo caso autóctone de morte por dengue hemorrágica. Laurindo de Felippo, um senhor de 72 anos que estava internado havia três dias na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), não resistiu.
Ribeirão Preto tem 12.179 casos
Ribeirão Preto soma 12.179 casos confirmados de dengue e a SMS investiga mais 21.569 pacientes que podem estar com a doença – aguarda o resultado de exames. A média de pessoas diagnosticadas com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti em quatro meses é de 101 por dia, quatro por hora. O número de vítimas do Aedes aegypti no primeiro quadrimestre deste ano está 69,3% acima das 7.193 pessoas infectadas do mesmo período de 2019, acréscimo de 4.986, e já representa 84,4% do total de 2019 inteiro (14.421).
Neste ano, a maioria das vítimas do mosquito tem entre 20 e 39 anos (4.339). Depois aparecem os adultos de 40 a 59 anos (3.003), jovens de dez a 19 anos (1.961), idosos com mais de 60 anos (1.434), crianças de 5 a 9 anos (847), de um a quatro anos (467) e menores de um ano (128). Em 2020, os casos de dengue foram registrados nas regiões Leste (2.887), Oeste (2.887), Norte (2.655), Sul (2.482), Central (1.262) e seis não têm identificação de distrito.