Murilo Bernardes
Há um ano o zagueiro Carlos Henrique, 25 anos, anunciou sua saída do Botafogo após a conquista do acesso para o Campeonato Brasileiro da Série B. Titular absoluto do Pantera na competição, atuou em 20 dos 22 jogos disputados. O defensor foi peça fundamental do time botafoguense.
Formado nas categorias de base do clube, Carlos Henrique atuou pelo Pantera durante seis temporadas e acabou indo embora da equipe por não acertar acordo de renovação contratual.
Após sua saída, Carlos Henrique foi para o São Caetano, onde disputou o Campeonato Paulista 2019 e desde o mês de julho, está em uma aventura internacional, mais precisamente, na Arábia Saudita.
O jogador acertou contrato de uma temporada com o Najran SC, clube que disputa a segunda divisão do futebol saudita. Por lá, tem a companhia de mais dois jogadores brasileiros e alguns membros da comissão técnica.
Em entrevista exclusiva ao Tribuna, Carlos Henrique contou sobre sua adaptação ao país, aos costumes e também ao futebol, que, segundo ele, é tecnicamente inferior ao brasileiro.
“Acho que a principal diferença são os jogadores, a qualidade do brasileiro é diferente. Quando o brasileiro vem para cá eles gostam muito, por conta da técnica mais apurada, dos dribles. O jogador árabe é mais físico, eles correm bastante, mas a técnica é inferior. Outra questão bastante diferente são os treinos noturnos. Por conta do calor, as atividades são sempre durante a noite”, contou.
Vivendo num país de cultura completamente diferente do Brasil, Carlos Henrique afirmou que sua adaptação foi rápida, entretanto, alguns costumes ainda são bem estranhos para o jogador.
“Minha adaptação está sendo boa, bem rápida. Tem dois jogadores brasileiros, o treinador, preparador de goleiros, fisioterapeuta, são todos brasileiros, isso facilitou a adaptação. Eu já passei por algumas situações engraçadas aqui. Quando vamos jantar, eles preparam as comidas deles. Eles comem com a mão e no chão. Eles comem muito arroz com carneiro cru. Mas tem uma mesa pra gente que é estrangeiro usar e comer com o garfo. Essa parte é bastante complicada”, brincou.
Evangélico praticante, Carlos Henrique não pode demonstrar sua religiosidade por lá. A Arábia Saudita é um país islâmico, que proíbe qualquer tipo de manifestação religiosa que não seja a sua. Igrejas e ou outros templos não muçulmanos são estritamente proibidos.
Em relação a isso, o jogador afirmou que compreende a questão cultural e ressaltou a obediência aos costumes que o povo árabe tem.
“Eu sou evangélico e aqui é só a religião deles. Uma coisa que eu vejo é que eles tem o momento deles de orar, são cinco orações no dia, e quando é o momento da oração, eles fecham tudo. As vezes eu saia pra ir comprar alguma coisa e aí era hora de orar e eu tinha que esperar meia hora até abrir de novo. Eles são muito apegados a religião”, revelou.
Em boa fase, Carlos Henrique caiu nas graças dos dirigentes e torcedores do clube e até tem tirado onda de artilheiro, com dois gols marcados nos últimos jogos. O contrato do defensor é válido até o meio do próximo ano, entretanto, existe possibilidade de continuar por lá.
“Eu tenho contrato aqui até o final da temporada, que é no meio do ano que vem, mas já existem algumas questões em andamento. Estou muito feliz, vivendo um ótima fase, fiz dois gols no campeonato, um de cabeça e outro de perna esquerda. Estou gostando de viver toda essa experiência, de conhecer uma cultura diferente”, afirmou.
Mesmo do outro lado do mundo, a paixão do jogador pelo Botafogo continua, afirma ter vontade de voltar a vestir as cores do Pantera novamente.
“Eu penso em voltar a vestir a camisa do Botafogo porque foi um time que me deu oportunidade, que me revelou, que me projetou para o mundo. Estou sempre na torcida, acompanho os jogos e sigo torcendo. Espero um dia jogar novamente no clube”, revelou.