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Uma revolução atual

No dia 9 de julho, comemoramos os 87 anos da Revolução Cons­titucionalista de 1932, marco na história de nosso Estado, quando o povo pegou em armas para defender a instituição de um regime democrático no País. Os fatos são conhecidos: naquela data, os pau­listas se insurgiram contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas, mobilizando sua Força Pública e os voluntários. As lutas duraram até o começo de outubro, quando São Paulo sozinho não conseguiu manter as hostilidades, firmando-se armistício com a ocupação do Estado. Os líderes da revolta foram exilados. Dois anos depois, Getúlio outorgou a Constituição de 1934, atendendo assim indireta­mente aos reclamos paulistas.

A marca da Revolução foi a intensa participação popular. Não houve convocação de civis. A chama da democracia impregnou-se no Estado e sua população pegou em armas. As mulheres também participaram, como enfermeiras, costureiras de uniformes, médicas.

Oitenta e sete anos depois, é preciso realçar o entusiasmo demo­crático que contagiou todo o povo paulista. E, se fomos derrotados nas armas, iniciamos um processo de crescimento que tornaria nos­so Estado o mais pujante do País. E jamais deixamos apagar o nosso sonho de democracia.
Depois de todo este tempo, duas ditaduras, dois impeachments, mensalão, Operação Lava Jato, continuamos sonhando com um país melhor para nós, nossos filhos e nossos netos. Temos um novo Presidente, eleito numa eleição plebiscitária, que arrancou do poder o PT e seus malfeitos, chefe de um governo que ainda ensaia seus passos e concentra, até agora, todas suas forças num só projeto, a Reforma da Previdência. Mas, ela somente não basta, pois precisamos lançar as bases de um crescimento forte e continu­ado, que coloque o desemprego em níveis civilizados e diminua a fortíssima desigualdade social.

O que queríamos em 32 foi alcançado?

Em termos. Desde 1985, as instituições democráticas brasileiras funcionam de maneira estável. Várias eleições foram realizadas, resultados não foram contestados e o País vive o maior período de­mocrático de sua existência. Mas, o funcionamento das instituições não basta para resolver nossos problemas.

Tomemos como exemplo a educação. Sem ela, nenhum povo pode alcançar bons níveis de vida, ter produtividade competitiva e enfrentar os desafios da modernidade. Vivemos um tempo de grande tecnologia em rápida expansão. As oportunidades que o momento oferece exigem pessoas preparadas e com alta formação profissional. Nosso sistema educacional é muito falho, pois investi­mos mal nossos recursos e produzimos estudantes e formados com grandes deficiências.

O ensino público – direito assegurado em nossa Constituição – passa por um momento de decadência. Nossos professores não ganham bem, não recebem incentivo para desempenho individual, não são reciclados continuamente. As salas de aula se tornaram local de constante desrespeito e até agressão ao professor. E não vemos um plano do atual governo para corrigir estes erros, limitando-se à intenção de despolitizar as universidades. Acabamos de assinar um Tratado de Livre Comércio com a UE, que nos colocará em plena arena da Indústria 4.0. Sem formação educacional moderna, sem profissionais capacitados seremos engolidos por países de maior produtividade e eficiência.

A chama de 32 não pode se apagar. Todos nós estamos insatis­feitos com o que vemos todo dia acontecer no Brasil. Se não há mais clima para pegarmos em armas na busca das soluções, resta-nos participar das decisões graves de nossa sociedade e cobrar de nossos governantes a realização de nosso sonho democrático de uma socie­dade melhor e mais justa.

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